Coluna – “Quem não tem teto de vidro que atire a primeira pedra”

A união cria um movimento capaz de sensibilizar, pressionar e  transformar mesmo as estruturas translúcidas mais resistentes!

Coluna – “Quem não tem teto de vidro que atire a primeira pedra”

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É provável que muitos conheçam a expressão “teto de vidro” e a associem àquele provérbio “quem não tem teto de vidro que atire a primeira pedra”. O meu tema na coluna de hoje aborda o assunto “teto de vidro” sob outro viés e lança luz sobre um problema que afeta  a todas nós: a invisibilidade feminina no mercado de trabalho.

A expressão “Teto de Vidro” foi usada pela primeira vez em 1978 pela engenheira norte-americana Marilyn Loden, ao relatar sua experiência profissional. Segundo Marilyn, as mulheres enfrentam uma barreira invisível no cotidiano, formada por cobranças desiguais, preconceitos de gênero, falta de oportunidades, além da famosa tripla jornada. Tais obstáculos impedem o crescimento e o reconhecimento profissional feminino, criando um limite silencioso e injusto.

Através da metáfora do vidro, Marilyn exemplificou a difícil realidade feminina. Conseguimos  enxergar o que está do outro lado — cargos de liderança, promoções, sonhos e realização profissional — mas nos deparamos com  uma barreira velada   que impede nossos avanços. Entre o sonho e a realidade,  esbarramos  em limitações concretas como a diferença salarial, a desigualdade na ascensão a cargos de gestão, o assédio, a falta de reconhecimento, a sobrecarga mental e física, entre tantos outros empecilhos.

Apesar do talento, da dedicação e da competência, muitas vezes é difícil atravessar essa muralha oculta. São comuns os relatos de mulheres que viram seus colegas homens crescerem na empresa, alcançarem posições mais altas e melhores salários, enquanto elas ficavam para trás, mesmo entregando resultados iguais ou até superiores. Não raro, muitas profissionais decidem abrir o próprio negócio para escapar dessa situação. Mas acabam enfrentando no empreendedorismo, um cenário semelhante: dificuldade de acesso a crédito, menos oportunidades de investimento, pouco espaço em setores dominados por homens e até a desvalorização de seus projetos inovadores.

Em um sistema que ainda privilegia os homens, nós, mulheres, precisamos provar constantemente que merecemos o lugar que ocupamos e que somos plenamente capazes de desempenhar nossas funções. 

A boa notícia é que, a cada mulher que ousa questionar o sistema e ocupar espaços, rachaduras surgem nesse teto de vidro. Romper essa barreira é mais do que um avanço individual: é abrir portas para que outras também possam atravessar. Quando uma mulher conquista um cargo de liderança, assume protagonismo ou inova em seu negócio, ela inspira e fortalece uma rede inteira, criando referências para as próximas gerações.

É justamente para enfrentar e romper essas barreiras que os grupos de mulheres existem. Esses espaços coletivos são fundamentais porque oferecem suporte necessário, acolhimento, aprendizado e visibilidade. Neles, mulheres compartilham experiências, fortalecem suas vozes e se preparam para ocupar os lugares que lhes pertencem por direito. Mais do que apoio emocional, esses grupos são ambientes de troca estratégica, onde surgem ideias inovadoras, parcerias e ações concretas como: buscar apoio das entidades de classe, dos representantes de governo, das instituições financeiras e da sociedade em geral. 

A união cria um movimento capaz de sensibilizar, pressionar e  transformar mesmo as estruturas translúcidas mais resistentes! Caminhando juntas, transformamos obstáculos em oportunidades de crescimento, e cada vitória individual se torna um avanço coletivo, contribuindo para que, quase sessenta anos após uma mulher alcunhar a expressão “teto de vidro”, atiremos nós as pedras para acabar, paulatinamente, com os impedimentos ao sucesso feminino.

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