COLUNA | Puberdade e menopausa: dois lados da mesma moeda

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A única certeza, a respeito da adolescência de filhos, é a falta de certezas. Mesmo assim, tentei me preparar para esperar o inesperado.

Me antecipar para antever o que me surpreenderia. Afinal, o relacionamento que eu e minha filha construímos ao longo de mais de dez anos poderia ser sinônimo de previsibilidade. Pena que não é.

Na tentativa de me preparar para vivenciar a adolescência do ponto de vista materno, passei a refletir sobre a puberdade.

Afinal, a partir da menarca, o corpo de minha criança oficialmente vai se tornar um corpo de mulher. As alterações hormonais serão acompanhadas do início do desejo sexual e trarão sensualidade à sua aparência física.

Além disso, provavelmente ela terá dificuldade para lidar com uma transformação tão significativa e inédita. Por fim, para complicar tudo um pouco mais, são esperadas oscilações de humor.

Ocorre que, apesar de todos os holofotes do meu palco materno estarem apontados para minha filha, a proximidade da menopausa traz a expectativa de transformações igualmente significativas no meu corpo também, só que de forma oposta.

Meu único atenuante é ter mais maturidade do que minha adolescente para passar por estas alterações. Mas isso não me parece bastar para responder às perguntas que surgem na minha cabeça.

Se o início das menstruações transforma um corpo de menina em corpo de mulher, o fim das mesmas transforma o corpo de mulher em quê? Num corpo de velha? Seria o fim do desejo sexual e da sensualidade que me acompanham desde minha adolescência?

Caso afirmativo, quem seria eu após perder tanto do que sempre me definiu como mulher? Como se não bastassem esses questionamentos, ainda surgem desagradáveis sintomas físicos e oscilações de humor.

Mais do que o início ou o fim do período fértil, a puberdade e a menopausa são momentos que mudam a forma de uma pessoa se enxergar.

A primeira e a última vez costumam ser momentos marcam, e não seria diferente a respeito da menstruação.

Assim como minha filha, ainda não sei como exercer minha feminilidade nessa nova etapa. Assim como minha adolescente, meu corpo também está mudando.

Seguimos as duas rumo ao desconhecido, só que em direções opostas.

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