Em 1990, a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) foi um marco para a abordagem de políticas públicas. Não somente o Estado, mas toda a sociedade civil tornou-se responsável por garantir os direitos de crianças e adolescentes, compondo assim uma ampla rede de proteção. Como sabemos, muitos dos direitos deste público são ignorados e a falta de políticas públicas para garantir o cumprimento deles é um problema em alerta desde sempre.
Avaliando friamente a olho nu, sem tomar como base dados de pesquisa, é possível “arriscar” dizer que a tamanha desigualdade social e racial do país entregues à indiferença. Tomemos como exemplo as maiores vítimas do chamado contingenciamento implementado pelo atual governo brasileiro. Quem é a população mais afetada por tais medidas? A Lei determina preferência a crianças e jovens “na formulação e na execução das políticas sociais públicas” bem como “destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude”.
A falta de investimento em educação, os cortes de bolsas, políticas públicas deficientes (ou até a falta delas) somadas à também precarização do trabalho e implementação de reformas violentas para o cidadão levam ao abismo conquistas por décadas batalhadas.
Como mães e estudantes sofremos à ausência de aparato público para nossa inserção nos espaços discentes. Como mães de estudantes sofremos à apatia do Estado e seu descaso com o futuro das escolas brasileiras.
No próximo sábado, 07 de setembro, um novo ato em defesa da educação e dos direitos da população vai acontecer. Diante do cenário de cortes e do caminhão desgovernado ladeira à baixo em direção à eminente morte de direitos conquistados, reflito sobre a importância do apoio, não somente de entidades e instituições, mas também de mães e pais de crianças e jovens.
É indiscutível o fato de que em meio a nossas inúmeras responsabilidades e preocupações também somos educadoras. EducadorAs porque ainda este é o papel majoritariamente designado à figura da mãe. Nossa participação em momentos importantes para a Educação é fundamental para a composição de forças na resistência ao desmonte e, particularmente, na criação de nossos filhos, no que diz respeito à construção de um “eu” responsável e atuante no meio social.
Quando almejamos algo além dos estereótipos advindos com a maternidade nos deparamos com muros ainda mais altos dos que imaginávamos encontrar. É aí que olhamos para o cabo de guerra vigente e nos perguntamos em quê ou onde isso vai resultar.
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