Geralmente escrevo sobre livros infantis – que muita gente grande ama, mas que são produzidos pensando nas crianças e nós amamos apreciá-los junto delas. Hoje não vou sugerir leituras para nossas filhas e filhos, vou pedir uma leitura por e para nós, como um momento agradável em que coisas belas nos aquecem o coração. É como uma música de Lenine: aquela harmonia, aquela melodia e segue o verso que arrepia porque significou demais. Ou ainda como ouvir Maria Bethânia lendo “Banhos de mar”, de Clarice Lispector, nos dando a mão pelos caminhos da história.
Não só para mulheres, para mulheres mães, mas para qualquer pessoa a quem esse texto chegar eu peço, pensando na beleza que é apreciar uma boa produção: leia Conceição Evaristo.
A mulher é uma potência a crescer no nosso pensamento à medida que a lemos.
Sua escrita é como dançar uma música boa, você desliza pela história e de repente vem aquele trecho que lhe paralisa.
Conceição Evaristo é arte e vivência, ela tem seu estilo e palavras intensas. Sua escrevivência nos toca porque ela sabe transmitir um sentimento forte em cada parágrafo ou verso, além de tanto mais que eu não posso expressar, por isso você precisa ler e, se já tiver lido, vai sentir vontade de reler.
Conceição Evaristo é música boa fazendo a gente se arrepiar, chorar e admirar sua obra, sua vida, sua escrevivência, sua forma de escrever mulheres.
Compartilho um trecho do livro “Olhos d´água”, da estimada autora: “Lembro-me de muitas vezes, quando a mãe cozinhava, da panela subia cheiro algum. Era como se cozinhasse, ali, apenas o nosso desesperado desejo de alimento. As labaredas, sob a água solitária que fervia na panela cheia de fome, pareciam debochar do vazio do nosso estômago, ignorando nossas bocas infantis em que as línguas brincavam a salivar sonho de comida” (Evaristo, 2020, p.16). Estas são apenas algumas das muitas palavras de Conceição Evaristo que eu tanto admiro e, por isso, faço a você o convite para conhecê-las ou revisitá-las.
Boas leituras e aprecie Conceição.