Mulheres-mães protagonistas da própria história

A mãe nunca está sozinha (para o bem ou para o mal)

A mãe nunca está sozinha (para o bem ou para o mal)

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Às vezes, tudo o que eu queria era ficar sozinha. Um dia inteiro ou algumas horas que fosse… Já pensou que louco seria? Quanta coisa eu poderia fazer!

Ler o capítulo inteiro de um livro, sem ter que desviar a atenção das páginas cada vez que ouço um barulho estranho ou, pior, silêncio demais.

Tirar um cochilo no meio da tarde e acordar naturalmente, apenas quando o meu corpo tiver alcançado todo o descanso necessário.

Fazer aquela limpeza geral na casa, dançando e ouvindo música, sem me preocupar que objetos deixados momentaneamente no chão tornem-se instantaneamente potenciais alvos para dedinhos ligeiros, ansiosos por explorar, provar e engolir o perigo. 

Sentar-me relaxada no banheiro por vários minutos e fazer xixi devagarinho, esvaziando a bexiga por completo, até a última gotinha.

Beber um chá na temperatura certa: nem quente demais, com pressa e queimando a garganta; nem frio demais e com gosto de desânimo, depois de duas horas esquecido sobre a mesa.

Escovar os dentes olhando para o espelho, admirando as marcas do meu rosto, e não andando pela casa, enquanto tento terminar de limpar a mesa, porém termino  tendo que resgatar a pequena aventureira, que acabou de sujar a fralda e está pronta para escalar o sofá.

Escolher qual roupa vestir, e como usar meu cabelo hoje baseando-me pura e simplesmente na minha vontade, não na praticidade de quem amamenta e precisa cuidar com mãozinhas curiosas puxando o que quer que esteja pendurado próximo ao meu rosto.

Escrever um texto do início ao fim, no computador ou num caderno, sentada confortavelmente e fazendo pausas para olhar pela janela. Não como escrevi este, picado em forma de notas de áudio para mim mesma, no celular ao longo do dia.

Mesmo assim, aprecio cada momento em que não consigo fazer nenhuma dessas coisas. Cada vez que o cansaço vem se apoiar em meus ombros, sussurro de volta pra ele: “Calma”.

Porque sei que, provavelmente mais depressa do que imagino, ele vai chegar: o dia em que estarei sozinha.

A brincadeira no parquinho terá se tornado mais divertida que meu ataque de beijinhos; o encontro com os amigos mais importante que o passeio em família; o vídeo game mais interessante que a minha leitura antes de dormir; seu maior amor será o novo namorado ou namorada.

Aí, com certeza, sentirei saudades dos seus bracinhos puxando minhas calças para pedir colo, e dos seus olhinhos me procurando ansiosos nos despertares noturnos. Então, saberei que terá valido a pena cada minuto que passei juntinho da minha bebê.


Autora: Gabriele Tschá – @gabrieletscha.writer.

Revisado por Daiane Martins.

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