A maternidade carrega consigo a solidão. Não há palavras que expresse o que uma mãe sente. Talvez estas palavras não tenham sido criadas ainda. Me arrisco a criar uns adjetivos, do tipo: “cansalouca”, “sonocupada” e “medoculpada”.
Mãe pega o que sente e ressignifica a todo momento. Não há muito tempo de repousar nos próprios sentimentos. É preciso seguir. Tudo pode ficar para depois, já que o agora é urgente.
São fotografias dos instantes que passam tão rápido, porém tão profundos que serão capazes de formar a referência, a história, a base dessa mãe.
- A mãe precisa ser rápida, ela quer repousar em algum segundo, mas não dá, o próximo instante trará uma novidade, a mãe está atenta, a todo momento.
- Carrega dentro de si tantas coisas, que ela mesma desconhece. A mãe segue apesar de qualquer empecilho, ela vai, e se ela cai, logo se levanta.
- Sabe que tudo está sempre um pouco mais à frente, que continuar faz parte da vida.
- Sente a vida diferente, difícil explicar, mas vou continuar tentando.
- Vive no superlativo, nas zonas máximas, como se houvesse uma camada de comunicação com a vida diferente das demais pessoas, uma rádio frequência com sintonia própria: a maternagem.
- Vive em mais de um lugar: seu corpo, sua mente e coração ocupam espaços diferentes, isso sempre, impressionante.
- A mãe tem início e não tem fim, ela está para além de onde os olhos podem alcançar. A mãe é vírgula, reticências, dois pontos, ponto e vírgula, a mãe abre, mas não fecha, nunca.
Autora: Ana Beatriz Alcantara Machado — @neuropsi.anabeatriz
Revisão: Gisele Sertão — @afagodemaeoficial