Mulheres-mães protagonistas da própria história

A dificuldade da mulher contemporânea que perde sua identidade para o rótulo da maternidade

A dificuldade da mulher contemporânea que perde sua identidade para o rótulo da maternidade

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A perda de identidade de muitas mulheres durante a maternidade está totalmente atrelada com a romantização em ser mãe. Desde pequenas ouvimos que a mulher se torna outra e nasce de novo a partir do momento em que descobre que será mãe ou nasce o seu filho.

Custou-me entender que ser mãe não há nada de romântico, e assim como muitas mulheres, tivemos e temos que lidar com essa realidade dia após dia.

Eu sempre quis ser mãe, era meu sonho, mas me tornei mãe em uma fase que isso estava fora de cogitação. De repente me vi rejeitando esse sonho. Aí vieram os enjoos, mal estar, preocupações diárias, e além de tudo lidar com pessoas me olhando como se eu fosse uma adolescente que cometeu o maior erro de sua vida. Ser mãe solo.

Peraí, e aquela coisa toda maravilhosa que vemos em novelas e filmes, de mulheres felizes e sorridentes quando descobrem que irão ser mães? E no meio disso tudo a cereja do bolo, ninguém te vê mais como mulher e sim como “mamãe”.

Aos poucos a ficha vai caindo, e a mulher tem que se descobrir desbravadora de sua própria história.

Mulheres, não deixamos de sermos mulheres quando nos tornamos mães, não nascemos de novo, apenas temos novas prioridades. Está tudo bem o amor incondicional não nascer de um dia para o outro, nascera no cuidado. Não deixemos que pessoas nos vejam como virgens imaculadas apenas por estarmos gerando vidas, temos o direito de errar também, temos o direito de sair sem nossos filhos sem nos sentirmos culpadas.

Mesmo depois de seu filho nascer você não deixa de ser você, não se permita ser convencida pela romantização da maternidade contemporânea de que você nascera de novo. Apenas seu filho nascera, e você irá continuar sendo mulher, humana, que erra, fica triste, com raiva, em alguns dias se sentindo forte e em outros se sentindo incapaz. Não se deixe perder sua identidade, não se deixe morrer para que seu filho nasça.


Autora: Meu nome é Marcela Gallinari, tenho 23 anos, sou estudante de direito, estou grávida de 3 meses e serei mãe solo. Meu maior desafio e missão é confrontar opressões da sociedade perante mulheres que serão ou são mães solos ou que enfrentam problemas com a gestação indesejada. Instagram é @_gallinari.

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