Eu não senti quando o médico cortou o cordão umbilical durante o parto do meu filho, mas eu senti a dimensão desse feito quando chegamos em casa.
Na primeira noite que dormi em minha cama com o meu bebê no berço ao lado, percebi o vazio que ele havia deixado em meu ventre. Por mais que naquele momento a minha vida tivesse sido preenchida, o meu corpo perdia o batimento de um dos corações.
Levei alguns dias para entender como criar o vínculo do lado de fora, mas esta foi, sem dúvida alguma, a tarefa mais fácil que Deus designou para mim. E, com o passar do tempo, meu bebê e eu criamos outro laço. E este ninguém podia cortar.
Foi então que, alguns anos depois de um laço bem firme e estruturado, chegou o momento de afrouxar para não virar nó. O famoso “primeiro dia de aula” enfim havia chegado.
Pode parecer frescura de mãe de primeira viagem, ou exagero. Muita gente palpitando sobre o desconhecido por mim. Mas a dor é real, e, dessa vez, consigo sentir o corte. É a tal da “idade obrigatória”: quando uma lei decide o que é melhor para sua vida, ainda que você não concorde com ela.
E, então, você manda um pedaço de você para a escola, e a sensação é que está deixando-o com outra pessoa porque não quer mais cuidar sozinha. Vem o choro, a saudade, a sensação da impotência e você quer a todo custo voltar ao dia do parto para não ter a experiência da separação.
É tudo muito grande dentro de você, enquanto do lado de fora parece ser tão simples. E na verdade é, mas você só nota quando o tempo passa e seu filho chega sorrindo em casa, ansiando pelo dia seguinte. É só neste momento, somente neste, que você enfim descobre que o cordão nunca foi partido. Ele apenas aumentou de tamanho e, não importa o quanto esteja distante, sempre estará com você.
Por: Vanessa Menegueci – Instagram: @elasoqueriaescrever.