Bons livros são este universo encantado de fantasia que nos faz aprender mais sobre o mundo real. Vou contar um pouco sobre a experiência depois da leitura de duas histórias engraçadas e instigantes para crianças e adultos. Quando li “O Grúfalo” achei fantástica a esperteza do ratinho. Minha filha, de 05 anos, ficava animada a cada personagem que o ratinho encontrava. Mas não vou contar a história para não dar spoiler. Então vimos que havia “O filho do Grúfalo”, e a animação para conhecer a história foi grande.
O livro é uma delícia, uma continuação gostosa de ler e reler. Entre todos os encantos da história, o preferido da minha filha foi o brinquedo do pequeno Grúfalo: galhos que podem sugerir um bonequinho. Simples, discreto e singular, o brinquedo do personagem foi tão marcante para minha filha que ela buscou por debaixo das árvores da nossa rua um galho que se parecesse com o bonequinho do livro.
Fiquei intrigada com o encantamento dela pelo brinquedo do pequeno Grúfalo e, lendo sobre brinquedos, encontrei, em “O brinquedo na literatura infantil: uma leitura psicanalítica”, de Ninfa Parreiras, algumas boas considerações que me fizeram pensar sobre o brinquedo e o ato de brincar para além do consumo estimulado das propagandas. A autora cita que “O brinquedo é um objeto que a criança manipula livremente, sem estar condicionado a regras ou a princípios de utilização de outra natureza”.
É isso que o filho do Grúfalo faz e que toda criança busca fazer. Ninfa Parreiras continua: “A função do brinquedo seria a brincadeira. E o que a caracteriza é que ela pode fabricar seus objetos, em especial, principalmente desviando os objetos que cercam a criança de seu uso habitual” (PARREIRAS, 2008, p. 72). Foi bom ler na teoria essa prática que todas e todos nós experimentamos na infância e que agora podemos perceber nas crianças com quem convivemos, especialmente nossas filhas e filhos.
Esta busca por gravetos como os do personagem trouxe outras curiosidades para minha criança, inclusive para mim. Outras percepções e bons momentos de descobertas vão surgindo neste mundo chamado infância e também no meu maternar. Como gostar menos da literatura? A cada livro um mundo de descobertas e perguntas se potencializa.
Referências
DONALDSON, Julia. O Grúfalo/ Julia Donaldson; Ilustrado por Alex Scheffler; Tradução Gilda de Aquino. São Paulo: Brinque-book, 1999.
DONALDSON, Julia. O filho do Grúfalo/ Julia Donaldson; Ilustrado por Alex Scheffler; Tradução Gilda de Aquino. São Paulo: Brinque-book, 1999.
PARREIRAS, Ninfa. O brinquedo na literatura infantil: uma leitura psicanalítica. São Paulo: Biruta, 2008.