Cada dia que passa, sinto a certeza no meu coração de mãe. Percebo os sinais nas suas mãozinhas quando seus dedinhos não param mesmo dormindo, suas mãozinhas no cabelo, suas brincadeiras de ficar girando sem parar, e seu jeito meigo de andar sem equilíbrio e na ponta dos pés.
A sua dificuldade em expressar o que sente com palavras, e, por isso, precisar pegar as pessoas pelas mãos e levar até onde você gostaria. Sua forma de enxergar o mundo e sua transição ligeira entre uma crise de choro interrompida por uma gargalhada.
Mesmo tão pequeninho, a mamãe percebe e admira seu esforço em querer ser compreendido. Vamos conseguir meu filho! Mesmo que agora as noites estejam começando a ficar difíceis, o sono está começando a ser afetado.
Sua insegurança às vezes bate forte, mas me preencho de amor quando você encontra no abraço meu e do seu pai a sua segurança. Quando de madrugada está no nosso meio é o que te tranquiliza. Estaremos sempre aqui!
Minha mãe, pedagoga com pós graduação em educação especial, foi a primeira a notar e comentar comigo. Quando começamos a perceber os sinais, deixamos esse assunto entre nós. Pensamos que poderia ser uma fase ou que, por ele ser um “bebê de pandemia”, que nunca tinha frequentado a escola e sem convívio com outras crianças, talvez fosse normal o atraso da fala e alguns outros comportamentos. Mas não foi só uma fase, e cada dia que passava os sinais aumentavam.
Quando começamos a comentar com outras pessoas sobre a suspeita, sempre falavam que a gente estava procurando problema onde não tinha e que não era nada. Mas no começo, só quem convivia com ele conseguia perceber. Em agosto de 2020, solicitamos para a unidade de saúde um encaminhamento para um neuropediatra, mas ele nunca foi chamado. Então, resolvi relatar sobre o Gael no meu Instagram e comentei que estava com a ideia de fazer uma Rifa para arrecadar o valor da consulta e das primeiras terapias, pelo menos até conseguir encaminhamento pelo SUS. Mas ainda não tinha prêmios para rifar.
Recebi apoio de mães que estavam no meu Instagram, eram mães de crianças do espectro e eu nem imaginava. Também recebi mensagens de pessoas dando serviços para converter em prêmios (tatuagens, leituras astrológicas, produtos Natura, limpeza dentária, manicure e pedicure, design de sobrancelha, etc..), mas ainda não tive a iniciativa de começar a arrecadação. Talvez por medo dos julgamentos e por não saber fazer uma rifa com mais de 7 prêmios!
Também recebi mensagens negativas, capacitistas, e maldosas. Julgamento de mulheres que nem eram mães dizendo que eu estava expondo meu filho e questionando se no futuro ele não ficaria bravo comigo. Ou seja, até quando tentamos o extremo para ajudar nossos filhos, sempre tem alguém para trazer a culpa e o julgamento. E não, não vejo problema nenhum em falar sobre Autismo, nem em ir atrás do diagnóstico ou recebê-lo. Porque quando percebemos, estudamos e entendemos sobre, suas particularidades vão se tornando cada vez mais especiais, e vamos aprendendo a lidar com amor, paciência e respeito.
Se você vê problema em tratar desse assunto, o problema é você!
Autora: Malu Montingelli – Instagram: @malumontingelli.
Este texto foi revisado por Luiza Gandini.