Mulheres-mães protagonistas da própria história

COLUNA | Escolhas

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Ler poesia para crianças é se surpreender com a reação delas. A sonoridade, o ritmo, as rimas deixam aquela expressão de quem quer pensar sobre o que vem em seguida. Talvez esse momento para elas possa ser um “contemplar a arte”. 

Gostei de “Ou isto ou aquilo” de Cecília Meireles desde a primeira vez que li, eu não era mãe ainda. Lendo para minha filha, eu ressignifico cada verso no universo materno. Eles falam de escolhas. Nós fazemos muitas todos os dias e escolhemos as prioridades, mas de quem? Eu sinto, às vezes, que eu não escolho muito para mim. Por algum tempo – talvez eu ainda esteja neste tempo – eu nem me incluía na escolha, era sempre os outros, mesmo antes de ser mãe. Por que, como mulheres, nos colocamos em segundo plano? Por que nos parece egoísmo pensar e escolhermos nós? 

A leitura do poema era para ela, mas foi muito importante para mim, como mãe, como mulher, como gente. Falamos sobre os versos e as opções que eles apresentam. Depois ficamos quietinhas, parecíamos cúmplices de algo que é um segredo. A poesia ficou com a gente, a literatura tem essa mágica: pensar sobre o que não havíamos pensado ainda e deixar a inquietação permanecer de uma forma que eu nem consigo explicar. 

Espero que a minha filha pense nela e em suas escolhas, valorizando quem ela é, sem achar que seja egoísmo, o que estou desconstruindo e reaprendendo. 

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