Historicamente, o 8 de março é representado por flores, presentes, promoções de spa, roupas. Uma cadeia de livrarias até já fez promoções de livros. Nos últimos anos, a data vem sendo objeto de luta e de reinvindicações. As mulheres estão cada vez mais conscientes de seu lugar e de que as flores não se converteram em respeito, dignidade e igualdade.
A data está ligada a narrativa de morte de 130 trabalhadoras em uma fábrica em Nova Iorque que exigiam melhores condições de trabalho. No entanto, durante toda a história mulheres se colocaram em marcha. Na revolução russa, milhares de mulheres pararam suas atividades e marcharam pedindo pão, terra e paz.
Em 2017, esse movimento atinge seu ápice sob o lema “Se nossas vidas não importam, que produzam sem nós”. Por que é tão importante que possamos marchar em luta?
Por que não bastam as flores distribuídas? Por que igualdade de direitos ainda está longe? Segundo Silvia Frederici, em uma entrevista para a revista Brasil de Fato, o crescimento do feminicídio e da pobreza ao redor do mundo estão atrelados aos processos de acumulação do novo capitalismo.
Deixamos de ser meras reprodutoras, para também nos tornar trabalhadoras, competindo em um mercado já acirrado e em crise. Em 2021, o 8 de março, gritará contra a a sobrecarga vivida por mulheres em meio a uma crise sanitária sem dimensões. A pandemia e o isolamento foram muito mais penosos para as mulheres (em especial as mais pobres, as negras e indígenas) A violência contra a mulher aumentou sem precedentes. Só no Rio de Janeiro, o número de denúncias aumentou 50% só no 1o semestre da pandemia.
Mulheres perderam seus empregos e engrossaram as filas do auxilio emergencial. Vale lembrar que esse auxilio é direito quanto é dever do Estado a proteção da vida e da saúde. Para as mulheres em trabalho remoto, fica a sobrecarga de cuidados com filhos, idosos, a casa e as aulas online ou sem aulas.
Portanto, receber flores está longe do que precisamos. Suas flores são bem-vindas se, junto com elas, vier sua consciência de estar ao nosso lado na reflexão, na luta, nos trabalhos e nas reivindicações pelo direito básico: a vida.