Carta à criança que fui
Escrevo para a criança que fui,
como quem estende um abraço
que o tempo negou.
Perdão por ter acreditado
nas palavras duras,
nas vozes que feriram
quando deviam ensinar o amor.
Você não foi um erro.
É luz rara,
é beleza inteira,
é perfeita como é.
À menina que sentiu rejeição,
digo: você cresceu forte
não pelos traumas,
mas porque escolheu se amar.
Perdão por ter tentado abraçar o mundo
e esquecido de se acolher primeiro.
Hoje, sendo mãe,
entendo o verdadeiro sentido do perdão.
Perdoo-me pelos caminhos em vão,
pelas curas que busquei fora
quando o remédio sempre esteve aqui dentro.
Hoje, eu me escolho.
Escolho a paz.
Escolho florescer.
Para que minha filha, ao olhar para mim,
veja um espelho de amor,
e não de dor.
Por Marina Lopes – @htmldc





