Eu sei como é olhar para o prato e sentir o coração apertar. Ver seu filho recusar o alimento que você preparou com tanto carinho. Ouvir o “não quero” repetido tantas vezes que já ecoa dentro da cabeça. Eu sei como é tentar sorrir enquanto o coração grita. Como é duvidar de si, achar que falhou e, ainda assim, continuar tentando.
Seletividade alimentar. É assim que chamam. Mas, para quem vive, é mais do que uma expressão clínica. É uma travessia. É ver o filho chorando diante de um pedacinho de fruta; é respirar fundo para não forçar; é segurar a lágrima e lembrar que ele não está te desafiando, ele está tentando sobreviver a um mundo que, às vezes, dói nos sentidos.
A seletividade não é manha. É o corpo dizendo “ainda não consigo”, o cérebro pedindo “me deixa chegar do meu jeito”. E a gente, mãe, vai aprendendo a caminhar nesse tempo diferente. Aprende que comer é mais do que nutrir. É sentir. É confiar. É brincar. Que antes da colher, vem o vínculo. E que o amor que a gente coloca na mesa é o primeiro alimento que o filho aprende a aceitar.
De mãe atípica para mãe atípica: Eu sei como é. E sei também que a paciência, mesmo cansada, tem força para abrir caminhos. Porque quando o amor é paciente, a comida encontra seu lugar.
Mariana Araújo Oliveira – @nutri.marianaaoliveira





