Coluna – Um abraço que nunca termina

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É incrível como a dor de uma mãe consegue ser mutualmente sentida quando se trata da perda de um filho. Não preciso citar que nos últimos meses nos deparamos com as notícias de perdas gestacionais na reta final ou mães que perderam seus filhos em incidentes da vida.  

A cada vez que vejo uma notícia como essa meu coração se parte por inteiro. Nesse momento, eu fecho meus olhos e rezo uma ave maria, mando todas as forças do mundo necessárias  para que essa mãe se sinta acolhida e que de alguma forma sua dor seja amenizada naquele momento.  

Entender tamanha dor só é possível quando vivida, porém o impacto de pensar nessa dor, traz uma empatia tão grande e uma vontade enorme de abraçar essas mães e dizer o quando eu sinto muito, mas sinto muito mesmo.  

Da mesma forma como o nascimento de um filho os transforma, a ida de um filho nos muda mais ainda.  

Lembro como se fosse ontem de uma colega de trabalho da minha mãe, vou chamá-la aqui de Dona Joana. Ela perdeu seus dois filhos em um mesmo acidente e nunca se recuperou. Seu casamento acabou, sua vida toda mudou e sua escolha para seguir em frente foi se jogar no trabalho para amenizar tudo que ela sentia.  

Dona Joana é uma mulher linda, mas era possível não ver nela aquela tristeza eterna. Lembro de quando minha mãe me contou sobre o acidente e mesmo não sendo mãe, naquela época, eu vi nos olhos da minha mãe a empatia e o respeito com a dor dela.  

Minha mãe passou muito tempo com ela durante o trabalho e elas criaram um laço muito bonito. Dona Joana nunca ficava doente, tinha dias nos quais estava mais triste, e alguns deles ela compartilhava com a mãe, como aniversários, data do acidente e por ai vai.  

Dona Joana seguiu em frente, mas não como antes.  

São histórias como essa e de tantas outras mães que formam uma corrente de amor para acolhê-las com todo o amor do mundo.  

Quem dera se a vida fosse justa e obedecesse ao curso correto, que seria um filho NUNCA partir antes da mãe ou do pai. Quem dera se essa dor nunca precisasse ser sentida por uma mãe. Quem dera… quem dera.  

A coluna desse mês é dedicada a todas as mães que carregam consigo essa dor eterna e junto com ela está o maior e melhor abraço coletivo do mundo. Esse para relembrar que você que está lendo essa coluna é e sempre vai ser a melhor mãe do mundo.  

Autor

  • Ana Paula Maciel Ribeiro Ana Paula Maciel Ribeiro

    Ana Paula Maciel Ribeiro é mãe de três, da Louise e de duas estrelinhas, e também uma catarinense que reside na Austrália. Jornalista e desde sempre apaixonada pela escrita, é autora “Do lado de cá do mundo”, blog criado quando se mudou para a Austrália. A Maternidade despertou um amor ainda maior pela leitura e escrita. Depois de duas perdas gestacionais, Ana sente que tem como missão falar sobre essa dor tão solitária, sobre as inseguranças e luto dessas perdas e acalentar mães que, assim como ela, já passaram por esse momento tão difícil. Blog: Do lado de cá do mundo. Instagram: @anaapmaciel @doladodecadomundo

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