A Maternidade requer muito mais do que imaginamos: autoconhecimento, autoconfiança, disponibilidade para aprender, resiliência e a certeza que a maioria das coisas não sairá como planejado, isso pode ser libertador.
Podemos afirmar que quando nasce uma mãe, nasce um sentimento de culpa?
Mas de onde vem essa culpa? Por que ela é tão comum entre as mães?
Na gestação, ocorre uma explosão hormonal no corpo feminino que já contribuí para alterações físicas e emocionais, o que geralmente ocasiona fragilidade, além das mudanças alimentares, sono e hábitos na preparação da chegada do novo membro da família.
Claro que a gestação deve ser opcional e planejada, planejamento que permeia também no âmbito emocional, mas nem sempre isso é possível, gerando incertezas e conflitos emocionais e até mesmo financeiro.
Quando o bebê nasce, a expectativa da mãe com relação a sua saúde física é muito alta, manter o bebê saudável e confortável no seu novo ambiente pode se tornar um grande desafio. Por isso qualquer espirro pode causar pensamento de culpa como: “Será que deixei a janela aberta ou não o agasalhei o suficiente?”
Talvez, a fragilidade e a dependência do bebê ajude a perpetuar esse sentimento que tanto machuca e puni as mães, que as perseguem mesmo quando os filhos já estão adultos. O medo está diretamente relacionado à culpa, pois o medo é uma sensação gerada a partir de situações de perigo ou da preocupação de que algo aconteça de forma contrária ao que estava previsto.
Para o pesquisador Lewis (1971) o sentimento de culpa é o nosso julgamento negativo sobre conseguirmos viver de acordo com padrões. Esses padrões podem ser impostos pela sociedade de maneira objetiva, ou de nós mesmos. Sabemos que a maternidade é uma prática muito padronizada socialmente e que precisamos romper com esses padrões para uma maternidade mais funcional, realista e saudável.
Por isso, temos atualmente usado o termo “Maternidade Real”, que vem contrapor a “Maternidade Idealizada e Romantizada”, pois essa formar de maternar romantiza a sobrecarga, além de ser baseada em comparações, gerando disputas de quem é a mãe que está mais sobrecarregada, podendo causar adoecimento psíquico, como: depressão, ansiedade e até mesmo o burnout materno.
O autoconhecimento pode ser um fator de proteção de adoecimento psíquico materno e consequentemente dos filhos, ter clareza das vivências da infância, como traumas, contribui para evitar padrões comportamentais disfuncionais dos nossos cuidadores primários, ressignificadas os episódios traumáticos e autorregular as emoções, contribui para uma experiência familiar mais saudável, portanto o autocuidado pode ser a chave para uma maternidade com menos culpa.
Rita Rocha – Psicóloga – CRP 01/19406 – @ritarochapsicologia – @institutoritarocha