O outro lado do aleitamento materno: superando desafios

O outro lado do aleitamento materno: superando desafios

Compartilhe esse artigo

Estou vendo lindas homenagens ao aleitamento materno. Realmente acho lindo, profundo, especial e maravilhoso. Só que vim aqui para contar o outro lado da história, frequentemente esquecido: o sofrimento das mamães (como eu) que não conseguiram amamentar.

Aos 19 anos, fiz uma cirurgia de redução de mama. Sim, eu tinha um verdadeiro airbag natural de fábrica. Mas além de todos os apelidos, bullying e nenhum biquíni caber, isso destruía minha autoestima. Fiz a cirurgia pelas mãos de um excelente médico e estava ciente de todos os riscos. Foi uma libertação. Lembro que cheguei a chorar de emoção quando usei minha primeira blusa de alcinha.

Sete anos depois, engravidei. Desde o oitavo mês de gestação, já saíam pingos de leite dos seios. Nem passou pela minha cabeça a possibilidade de não amamentar. Mas aconteceu… Lembro de Clara recém-nascida, com a pega perfeita, mas o leite caía em conta-gotas.

No hospital, diziam que era preguiça dela, tiravam toda a roupinha para ela “acordar”, sentir frio (acreditem, foi real) e mamar. E nada! Eu ficava nervosa, ela berrava, perdia peso, até que o pediatra teve uma conversa séria comigo e disse: a cirurgia pode ter afetado a passagem do seu leite, sua filha precisa se alimentar e dar fórmula não lhe fará menos mãe. Ele foi firme, carinhoso, enfático e ali deu o start para a força que eu precisava.

Ainda assim, não foi fácil. Clara teve intolerância à lactose e chegou a defecar sangue. Foram momentos desesperadores.

O que quero com esse relato? Mostrar que nem tudo são flores, nem fotos de comerciais de revista infantil. O meu impedimento foi uma cirurgia, o de algumas mães é a depressão pós-parto, que pode fazê-las nem conseguir chegar perto do seu bebê, e não é por falta de amor. Vamos também homenagear quem não conseguiu.

Nenhuma é menos mãe por isso. Minha filha usou fórmula e é uma criança saudável, forte e com excelente imunidade. Se eu pudesse amamentar, o faria? Claro! Mas fiz o melhor que pude pela minha filha e nunca me senti desconectada dela por isso, muito pelo contrário. A conexão entre mãe e filho está acima de tudo. Mais apoio, menos julgamentos.

Compartilhe esse artigo

Leitura relacionada

Últimos Artigos

Deixe um comentário