Foi essa a pergunta que ouvi recentemente, sobre os cuidados do nosso filho durante uma festa de aniversário. O esquema que eu e meu marido criamos para lugares públicos sempre foi esse: um cuida, o outro come. O outro cuida, um come. E assim comemos, bebemos, conversamos e descansamos a coluna.
Queria dizer que achei curiosa a pergunta, mas infelizmente não é o caso. Em poucos minutos observando ao redor, constatei a realidade de muitas famílias brasileiras, que chamo de “Manhê”.
“Manhê, tô com fome!”, “Manhê, quero ir pra piscina!”, “Manhê, caí! Tá doendo!”.
Queria dizer também que senti raiva do interlocutor, mas como não lembrar da carne mal passada que ele carinhosamente me serviu sem nem saber meu nome? Não sei se rio ou se choro, porque, pelo que puder ver no evento, ele e a esposa dividem sim as tarefas, mas de forma diferente.
Ele provavelmente não ouviu tantos “Paiê”, mas memorizou o gosto do ponto da carne de todos os convidados. Não precisou remediar ou acolher, mas chegou mais cedo pra esquentar a churrasqueira e preparar tudo. Quando eu e meu marido chegamos depois de todos para “revezar”, ele já estava lá há horas! Como dizer que este homem não trabalhou em prol da família?
Sinto conflito ao dizer essas palavras, porque embora o meu revezamento familiar não tenha sido 50/50, sei que foi o meu homem que dirigiu, abasteceu o carro, ajeitou a cadeirinha e se preocupou com a rota. Foi também ele que ajudou a salvar o churrasco, correndo atrás de caixa de som. De novo, como dizer que este homem não trabalhou em prol da família?
Ele trabalhou. Não correndo atrás de uma criança de 2 anos na maior parte da festa, mas trabalhou.
A terceira coisa que eu queria dizer foi que a noite terminou bem. Mas não. Ao invés de tr.ansar por horas, com a bênção de uma criança desmaiada de cansaço de piscina, discutimos mais uma vez pela minha exaustão. Esta palavra bendita participa de várias discussões na minha casa, principalmente quando eu to o quê? Exausta! Discuto por ela e com ela!
Escrevo este texto para mim mesma, pra me lembrar, antes de gritar horrores, de que eles também fazem um milhão de trabalhos invisíveis que nós mal agradecemos. Quero muito me lembrar disso na próxima vez que essa fulana tentar boicotar meu s.ex.o!