“Guerreira, forte, super mãe!”
Costumo ouvir muito essas palavras de pessoas que acham estar me elogiando, mas na verdade estão romantizando a situação de uma mãe solo que precisa trabalhar e criar um filho sozinha.
Engravidei aos 17 anos, ouvi de uma pessoa que minha vida tinha acabado, que não cabia mais a mim sonhar. Eu estava perdida, sem direção, nada parecia fazer sentido.
Por um tempo a garota, bailarina, cheia de sonhos e com um grande futuro pela frente não estava mais ali. Eu era mãe! Aos 17.
A maternidade me transformou, mudou minha visão de mundo, desenvolveu em mim um olhar mais humano e alguém melhor. Eu já não era mais a mesma. Ainda bem!
As noites acordada, remédios para cólica, troca de fraldas, amamentação, testavam a minha força. Os olhos julgadores, medos, inseguranças, testavam meu emocional.
Eu era uma mãe adolescente, sozinha, que desenvolveu síndrome do pânico e convivia com tudo em silêncio.
Nunca deixei de trabalhar, chorei ao entregar meu filho pela primeira vez para a professora na creche. Eu trabalhei e amei meu filho, fiz minha faculdade e eduquei meu filho, voltei a sonhar e abracei meu filho. Entendi que eu era mãe, mas continuava existindo.
Hoje, após anos, o olhar julgador das pessoas, a risada de canto e a voz que me disse que minha vida havia acabado, às vezes ainda ecoa. Após 11 anos ainda me sinto perdida. Alguns dias feliz e orgulhosa pelo ser humano inteligente, engraçado e amoroso que estou criando, outras, desesperada e sem chão por achar estar fazendo tudo errado.
Às vezes não sei como agir, às vezes grito me arrependo, outras me cobro ser mais enérgica, outras acho que mimo demais e outras simplesmente me faltam força para qualquer reação.
É que às vezes falta alguém para dividir a carga. É quando tudo fica pesado demais, bagunçado demais e sem direção.
Meu filho é dono das minhas maiores alegrias, é meu amigo e companheiro. Mas também é dono dos meus maiores medos, neuras e preocupações.
E quando me dizem que sou uma mãe/mulher guerreira tentando elogiar, não sabem que por trás dessa mulher tem um pai ausente e uma mãe que precisa lutar sozinha. E não tem nada de bonito nisso.
Talvez ser mãe seja isso afinal, tentar se equilibrar o tempo todo, ser uma malabarista de pratinhos da vida, tentando se encaixar de novo no mundo, tentando acertar o tempo todo ao criar outro ser humano, HUMANO acima de tudo.
Autora: Sou a Maysa Gonçalves, uma mãe solo, profissional de RH e que descobriu a escrita como paixão e terapia. Jovem com alma idosa (rs), que ama antiguidades, músicas antigas e é super nostálgica. Sonhadora, em busca todos os dias de ser alguém melhor e passar esses valores ao filho. Instagram: @gc_maah.