Eis que estamos em 2021/2022 (ou 2021 – parte 2?): pandemia, telefones celulares modernos, tiktok, comida a um clique, pagamento por pix, reconhecimento facial, máscara pra sair de casa, futebol sem torcida em campo, futebol com torcida em casa, escola sem alunos, festa junina sem forró.
O menino de 09 anos acorda pensando em TV.
Pede, insiste, faz suas promessas.
A mãe paga língua. Ok, mas só hoje, que não se torne tradição.
Dia seguinte, quer jogo no tablet. A mãe não é destas coisas, quer mais é que ele se afaste de tanta tecnologia, pra lembrar o que é mesmo essencial na infância. Mas é pandemia, já são limitações demais, não pode ir à rua. Ok, mas só hoje, não vá se acostumar.
Ômicron. Oh, my God! Não saia na rua.
Pode tela? Fazer o quê? Só um pouquinho. Não exagere.
A mãe se distrai lendo post de Instagram, e o danado fica mais de três horas hipnotizado.
E o tempo passa, mas a pandemia não passa.
O menino só quer saber daquilo que se vê, que se toca com as pontas dos dedos e não tem cheiro. Quer a realidade que não está presente.
A gente entende, né!? É pouco abraço possível.
São palavras demais, roupas demais, protocolos demais pra viver o que tem do lado de fora de casa. A mãe envelhece 50 anos em 05.
O menino quer ser um Pokémon quando crescer.
Moral da história: não se trata de fábula. É crônica: é vida real.
Texto: Adriana Lopes Barbosa – Instagram: @adrianalbarbosa83.