Dia do Trabalho de Mãe

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Por: Camila Mendonça e Silva e @bebenobercario 

1° de maio, às 23h18 e cá estou tentando escrever um relato pessoal de outra mãe que trabalha. 

Em 21 de fevereiro de 2021 meu filho nasceu e mal eu sabia que nesse dia uma nova mulher nasceu também. Uma mulher que há um ano decidiu que queria ter a “experiência” de ser mãe, ter uma carreira sólida e provar a todos que é possível, como se fosse algo muito fácil e nunca tentado. Pois bem, aqui vai o meu relato: 

Engravidei em plena pandemia. Uma gravidez planejada sem neuras, sem expectativas, apenas feliz com a decisão de deixar Deus agir. E na mesma época minha carreira estava em ascensão. Eu havia acabado de descobrir uma área que gostava e estava com vários planos de aperfeiçoamento e mesmo grávida segui a vida normalmente, trabalhando e estudando e me preparando para a melhor e mais difícil fase da minha vida.  

Bom, naquela época eu pensava que um filho era só mais um item na agenda do dia, como se organização e rotina fosse o ponto, algo que eu acreditava que poucas mães haviam tentado. Grande engano, não? 

Meu filho nasceu e meu mundo virou de cabeça para baixo. De repente eu não tinha horário para comer, tomar banho, arrumar a casa ou estudar, porque meu filho não tinha horário também para mamar, tomar banho, trocar fralda ou dormir.  

Passei minha licença maternidade sozinha com ele e apenas o primeiro mês com o meu esposo em casa compartilhando cada tarefa e obrigação do dia. Lembro-me do dia que caiu a ficha que minha vida não seria mais a mesma.  

No primeiro dia de retorno do meu esposo ao trabalho, ele precisou ficar até mais tarde e eu fiquei 12h comendo o que dava, indo ao banheiro quando podia. Nesse dia eu vi que eu jamais poderia ficar até mais tarde no trabalho, que a minha rotina não seria a mesma, porque o filho tem escola, tem médico e fica doente. 

 Antes de tudo isso, lembro-me de conversar com meu esposo que tudo seria compartilhado e que eu não levaria sempre no médico porque não era obrigação só minha. Doce engano! Que mãe recebe uma ligação da escola do filho dizendo que ele está com febre e não sai correndo para buscá-lo? 

Levei muito tempo para me acostumar com essa rotina e ouso dizer que só me adaptei depois do seu primeiro aninho. Agora algo que quero deixar registrado aqui e foge dos padrões de relatos maternos é a importância que a empresa tem nessa fase e o quanto sou grata a empresa que trabalho. 

Desde o primeiro dia de retorno ao trabalho, recebi todo acolhimento dos meus gestores, deixando claro que eles entendiam a minha real situação e que eles já haviam passado por isso de perto com as esposas. Nunca me cobraram horário ou o porquê eu havia faltado ou trabalhado de casa naquele dia. Mas eu, com a consciência pesada sempre informava e pedia desculpa. Sabe qual a resposta que eu sempre recebia? Não se preocupe! Nós entendemos. E assim passaram dois anos e tenho o mesmo apoio, o mesmo acolhimento. Agora algumas pessoas vão dizer: “Nossa, que empresa boa!” E eu vou te responder: “Sim. Mas eu também sou boa.” Eu sei o meu valor, me conheço profissionalmente e a empresa também. Isso é importante. 

Claro que eu não esperava essa atitude. Nós mulheres nunca esperamos ser acolhidas no ambiente profissional. Tanto é que mesmo não recebendo cobranças eu me cobrava. Passava horas pensando em como retribuir, em como mostrar mais ainda o meu trabalho. E isso me matou por meses, aumentou minha ansiedade, o meu sentimento de culpa por querer ser mãe e profissional ao mesmo tempo e até hoje me vigio para não cair nessa armadilha que eu e a sociedade criamos. 

Hoje estou feliz com a minha escolha. Tento não pensar em como teria sido se não fosse mãe ou se não tivesse uma carreira. Vivo um dia após o outro tentando fazer o que eu posso sem me cobrar muito, porque a vida é assim. Seguimos olhando para frente com a certeza de que o passado é aprendizado e o futuro é incerto, mas o que importa é sermos felizes com a vida que temos. 

Revisão: Gisele Sertão- @afagodemaeoficial 

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