Reflexões sobre igualdade e liberdade

Reflexões sobre igualdade e liberdade

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“Tenho que ser forte o tempo todo.”

“Minha família depende de mim.”

“Ninguém faz direito.”

“Se eu não fizer, ninguém faz.”

“Sou guerreira, batalhadora, sou a que luta pela família.”

“Eu luto pela minha felicidade.”

Não! Não! Não!

Abaixo estão frases que me transportam para um lugar de mulher maravilha:

Eu não tenho o cinto dela!

Eu não sei me teletransportar e não tenho a agilidade super-humana.

Eu quero me esforçar para ser normal.

A que faz uma coisa por vez!

A que não se cobra o tempo todo por tudo!

Cadê nosso descanso?

Onde está nosso dia de não fazer o almoço ou a janta?

De não precisar se preocupar com o tema dos filhos?

Cadê o dia da massagem, de alguém que faça a faxina?

Por que nós é que temos que limpar os banheiros da casa, se todos usam?

Cadê o convite para me levar para jantar?

Cadê o faxineiro para limpar hoje a casa?

Quero um dia da semana só para mim, mas estou tão condicionada ao que esperam de mim que nem sei o que fazer com tanta liberdade. Mereço hoje ser tratada como rainha? Não mereço ser tratada com igualdade e respeito.

Hoje será um dia cheio de mensagens que enchem nossas caixas de florzinhas e hello kittys, mas na ação vai ser um dia igual a todos os outros com todos os afazeres domésticos, maternais e profissionais.

Já que não consigo ter toda esta liberdade sem sentir culpa, me contento com um pix para passar o dia no spa, um crédito no salão.

Eu quero aprender a pedir ajuda para as tarefas e achar isso normal. Quero equiparação salarial; este seria um excelente presente para esta data.

Quero que as mães que possuem filhos pequenos possam ir a uma entrevista sem ter que explicar que têm filho, mas são responsáveis e não vão faltar toda hora e mentir que o filho adoeceu.

Nivele as mulheres num nível mais alto! Não ria da minha inteligência! Não quero ser a Amélia, a mulher de verdade. Não quero o topo do mundo. Quero um lugar tranquilo e normal com risadas soltas e cabelo ao vento.

Quero poder mostrar minha fragilidade para outras mulheres e ser acolhida e não julgada. Já temos a maioria dos homens para julgar isso!

Eu quero que minha amiga possa tomar um chopp comigo sem ser escondido porque o marido vai incomodar ou vai também com os amigos.

Eu quero que todas entendam que este mundo de privilégios também é nosso. Não quero o topo do mundo, quero um mundo das mulheres que elas mesmas se coloquem no topo dele e ainda levem as outras.

Por Raquel B. Bertoletti – @psi.raquelbertoletti

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