REFLEXÃO | O “B” da sigla LGBTQ+ não é de biscoito. Somos bissexuais, mães e existimos!

REFLEXÃO | O “B” da sigla LGBTQ+ não é de biscoito. Somos bissexuais, mães e existimos!

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Este é o mês e o dia da visibilidade bissexual, os invisíveis da sigla, aqueles que são indecisos, promíscuos e menos aceitos que lésbicas e gays, sim, me atrevo a dizer. Porque se você fala que é gay ou lésbica, ainda existe a homofobia, mas quando fala que é bi, algum familiar com certeza vai achar que você está indecisa ou falar que isso não existe, inclusive os nossos próprios amigos da sigla.

Há quem diga que o preconceito contra nós não existe, sinto informar, mas a partir do momento que outras mulheres têm nojo de se relacionar com você por ter tido contato com um pênis, ou quando sua sexualidade é colocada à prova com perguntas como “quem você prefere?”, ou quando dizem que você é suja, ou até mesmo que vai trair uma pessoa pelo simples fato de sentir atração por outra pessoa do sexo oposto ou do mesmo sexo, ou nb, ou quando falam que você tem maior predisposição às IST’s (Infecções Sexualmente Transmissíveis) por causa da sua orientação, você está sendo bifóbico!

Bissexualidade e Maternidade

Se você é mãe e já sofre a pressão da maternidade se for bissexual, pior ainda. Porque se você é solteira, vai se relacionar com pessoas, certo? Se você achar interessante apresentar pro seu(sua) filho(a), você vai certo? Acontece que nada dura pra sempre, e se um dia você está se relacionando com um homem, e no outro com uma mulher (não nessa medida de tempo, mas para exemplificar), as pessoas vão dizer que você vai confundir a criança, que isso faz mal pra ela, que ela vai crescer confusa, que você está a influenciando e daí pra pior. Bom, quem é mãe e bi sabe exatamente do que estou falando, e se você não é… ou já pensou isso, ou já viu casos assim acontecerem. Se as mães hétero têm maior dificuldade de se relacionarem, por como todas sabemos, e muitos acham “mãe não namora”, imagina quando se é bissexual. O buraco é bem mais embaixo.

O fato é que nossa sexualidade é sempre apagada. Alguns estudos dizem que o número de bissexuais aumentou, mas acredito que as pessoas estão começando a se descobrir agora. Quem nunca no começo da descoberta achou que era lésbica? Eu mesma passei por essa fase por não aceitar o fato de eu querer me relacionar com pessoas e não um gênero apenas, isso ficou na minha cabeça por muito tempo até eu sair do armário. Não me sentia bem comigo mesma, sentia enganando a mim, sentia que eu era invisível, a partir do momento que eu me descobri, tudo ficou um pouco melhor, ou pior, depende.

Bissexualidade e relacionamento

O famoso medo da traição. Numa sociedade monogâmica como a nossa, o medo da traição é alto, porque estamos inseridos num sistema em que o ideal além de ser um homem e uma mulher, é que sejam apenas dois, mas aí é papo pra outro texto. O que quero falar aqui é o medo que a pessoa que nos relacionamos, tem. Já me relacionei com mulheres que ficaram com medo de eu traí-las com homem e vice e versa, engraçado que esse medo é sempre menor se você está em um relacionamento gay, lésbico e/ou hétero, não estou dizendo que não existe o medo, mas que isso é muito mais cobrado por nossos(as) parceiros(as). Como se a nossa predisposição à traição fosse bem maior. A Kelly Tiburcio, é uma das muitas mulheres que passam por isso. “Existe uma invisibilidade para as pautas bissexuais. As pessoas sempre acham que é uma pessoa indecisa. Uma lésbica sem coragem de assumir. Enfim, tem muita merda mesmo em se dizer que é BI. Então, frequentemente prefiro nem dizer que sou. Principalmente porque estou numa relação com um homem. E sendo mulher, negra, pobre e macumbeira, já viu, né…” Conta. 

Ué, mudou de lado?

Se um dia você está com uma pessoa de certo gênero, e depois, de outro, as pessoas sempre perguntam se agora você é hetero ou lésbica. É como se o fato de eu me relacionar com alguém do mesmo sexo que eu, automaticamente minha orientação sexual tivesse um botão mudando minha sexualidade. Mas eu tenho um segredo pra você, por mais que nos relacionemos com outras pessoas, do mesmo ou gênero oposto: AINDA CONTINUAMOS BISSEXUAIS. Se você se casa com uma mulher, você ainda é bi, se você se casa com um homem, ainda é bi, com uma pessoa NB, ainda é uma bissexual. Mais uma vez: Não mudamos por causa dos nossos relacionamentos. 

No trabalho não é nada diferente, quando você assumida, alguns homens se dão no direito de além de praticarem o machismo, darem aquela pitada de bifobia junto. “Homens acham que vou me comportar como eles e assediar mulheres na rua. Como afirma Yeda LaBrunie

Diante de tudo isso, precisamos praticar a famosa empatia com todas as ‘manas’, afinal, estamos todos inseridos no mesmo sistema homofóbico, bifóbico e lesbofóbico, se não nos apoiarmos, quem vai?

Fica a reflexão!

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