E o Covid 19 chegou e junto com ele veio a tal da quarentena.
Meu Deus, a escola vai fechar logo agora que tenho minhas duas filhas no período da manhã só há um mês e meio?
E assim veio a determinação que as escolas fechariam no dia 23.02, era dia 16.03, eu ainda estava meio por fora, não querendo me aprofundar muito sobre o tal Covid 19. Enviei mensagem para a pediatra das meninas para ver a opinião dela e veio a resposta:
– Não manda mais as meninas para a escola por conta do problema respiratório que elas têm!
Desde então, caiu a minha ficha e comecei a entender o que iríamos a viver a partir de então. Aqui, a quarentena se iniciou no dia 17.03 em meio a quaresma, onde tudo estava em ordem, com rotina e, a partir de então, tudo virou uma bagunça.
Na primeira semana, parei tudo, não sabia o que fazer, crianças agitadíssimas pela casa, chorando, sentindo falta dos amigos, da rotina.
Meu Deus o que vai ser de mim? Para o mundo que eu quero descer, por favor!
Na segunda semana tudo parou, marido em casa, crianças em casa, missas canceladas. A escola se organizou e começou a enviar atividades para aplicarmos!
Bom, sou mulher, esposa, mãe, dona de casa, enfermeira, missionária, ser professora vai ser fácil, né? Só que não!
Neste tempo, estou descobrindo uma nova Christianne, não tem sido fácil lidar com minhas emoções e medos, com os sentimentos das minhas filhas e marido. Estamos no mesmo barco, estou acabada, cansada, de cabelo em pé, me pego gritando com minhas filhas, sendo grossa com meu marido e aí vejo que é tempo de parar, me recolher, descansar, colocar a cabeça no lugar.
Nessas duas últimas semanas, aprendi meus limites, a acolher o que preciso viver hoje, que não adianta me descabelar pois a quarentena vai continuar, e que na verdade, sou eu que preciso mudar meu olhar diante das coisas.
Somos convidadas a olhar de uma maneira nova a nossa casa, colocar no lugar as prioridades e criar a rotina de acordo com aquilo que dá sem me questionar se fiz tudo que a escola pediu, se minhas filhas assistiram TV demais, se ficaram no celular mais tempo que devia. Aprendi a ver a quarentena com leveza, dar o meu melhor no tempo que tenho para as minhas três princesas, a ser a melhor professora, dançarina, artista, mas o melhor de tudo, a ser uma mãe dedicada e esforçada mesmo diante das minhas limitações.
Não tem sido mais fácil, mas essa é uma decisão que preciso fazer todos os dias quando eu acordo, de transcender o meu olhar, de renunciar as minhas vontades e o meu querer para um bem maior e assim o dia tem se tornado mais prazeroso e com muita diversão em meio a esta loucura que estamos vivendo.
Essa é a história da minha quarentena, com certeza quando tudo passar serei uma mulher, esposa e mãe renovada!
Autora: Me chamo Christianne Marcelino, sou casada há 8 anos, Missionária na Comunidade Católica Instrumento de Deus, mãe de 3 princesas: Giovanna de 5 anos, Manuella de 2 anos e Luanna de 10 meses. Muito feliz e realizada.