Mulheres-mães protagonistas da própria história

Qual o limite entre o combate à obesidade e a gordofobia?

Qual o limite entre o combate à obesidade e a gordofobia?

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Acho importante que os diferentes tipos de corpos sejam aceitos, que a gordofobia seja combatida e que cada um se ame como é. Mas ao ver minha filha adolescente ganhando peso rapidamente sem nenhum cuidado ou limite com a alimentação, tenho dificuldade de encontrar o limite entre a aceitação do corpo gordo e a desistência de prevenir a obesidade.

Entendo que a grande maioria não se encaixa no padrão de beleza exibido e admirado nas propagandas e redes sociais. Concordo com a necessidade de aceitação da diversidade de corpos. É fundamental que todos se sintam representados, independente de ter ou não acnes, estrias, celulites, sardas, bunda pequena, barriga grande ou qualquer outra característica ainda rotulada como indesejada. Entretanto, como mãe, esta consciência não deveria justificar a aceitação de uma alimentação descontrolada da minha filha levando a um aumento de peso constante.

A responsabilidade materna perpassa todos os assuntos, inclusive a consciência corporal e a orientação nutricional. O combate à gordofobia não é justificativa para excluir ambos da educação transmitida a uma filha adolescente. Tornar o assunto um tabu não é uma forma de aumentar a aceitação do próprio corpo nem trabalhar a autoestima. Evitar subir na balança não torna aceitável uma alimentação com quantidades superiores ao recomendável nem a ingestão diária de grandes quantidades de açúcar.

Além de ser um prazer, a alimentação está fortemente relacionada ao estado de saúde física de uma pessoa, podendo também ter conexão com a saúde mental. Tal complexidade explica a quantidade de profissionais que estudam as diversas facetas desse assunto, desde nutricionistas e nutrólogos a psicólogos, passando por diversas especialidades da medicina. Para uma mãe como eu, sem formação nessa área, é difícil combinar com uma adolescente a busca de ajuda profissional continuada.

O negacionismo da minha adolescente sobre seu risco de obesidade se esconde em combate a gordofobia, transformando conversas em discussões, sem que eu tenha a formação profissional para falar sobre o assunto com qualquer subsídio além da minha preocupação como mãe. Deixo aqui, então, meu pedido de ajuda para que me expliquem: até que ponto devo me esforçar para que minha filha tenha uma alimentação adequada e, pelo menos, mantenha seu peso? A partir de que ponto devo desistir dessa missão e incentivá-la a buscar a aceitação de seu corpo gordo numa sociedade gordofóbica? Como trazer a harmonia de volta para minha família quando a alimentação, uma atividade que permeia nossa rotina, virou um assunto de brigas ou até mesmo um tabu?


Texto revisado por Cristiane Martins Araújo.

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