Por Cláudia Quintana | @claudia.bisch
Muito se fala sobre bebês e mães esgotadas pelo puerpério, pela adaptação à nova vida como mãe de um ser em formação. Temos muitas dúvidas. O bebê chora: já mamou, já arrotou, a fralda está vazia, não tem assadura, não tem nada. Tá chorando por quê?? Acredito que todas as mães já passaram ou irão passar por isso. Quando a fase passa, respiramos aliviadas e pensamos: conseguimos nos adaptar. Será? Claro que não.
Neste momento, surge o pré-adolescente! E você achando que nada poderia ser pior que a troca de dentes e a privação de sono. Na verdade, ainda não decidi qual dessas fases é a pior. Atualmente, a mãe que aqui vos escreve está morrendo. Sim, a mãe que existia até o mês passado era a mãe-de-criança.
Hoje, está sendo gestada a mãe-de-adolescente. Sou a pré-mãe-de-adolescente.
Pouco nos lembramos das nossas próprias fases, mas tenho a impressão de ter passado por isso lá pelos 11 anos apenas. Antes disso, eu era uma menina mais criançona, gostava de anime (desenho japonês) e brincava disso com meu irmão e com meus amigos na escola. Quando fui para a escola pública, aos 11 anos, tive mais contato com questões de “meninos e meninas” e acho que isso contribuiu para iniciar a mudança.
Não esperava que minha filha, aos 9 anos (época em que eu detestava meninos), fosse criar pelos e “cecê” e viesse me falar que suas “coleguinhas” falavam sobre “aquilo”. Dizem que a puberdade está vindo mais cedo agora e tô vendo isso acontecendo por aqui. É normal. Eu, em tese, sabia que esse dia chegaria, mas nunca me preparei de fato para isso (se é que existe algum preparo que dê conta). Afinal, pouco se fala sobre a mãe-de-adolescente.
Porém, ela existe, também necessita de apoio e muitas não têm. Não sei se antes era mais fácil, mas hoje, com a avalanche de informações, como impedir ou filtrar certos conteúdos? Aqui temos o controle parental no celular, na tv, etc. Mas é suficiente? Ela não tem acesso em casa, todavia os amigos levam celulares para a escola, e ela acaba vendo coisas que eu não deixaria em casa. Normal. Quem nunca fez isso na adolescência, né?
E quando começam os problemas com as amizades? E quando começam os primeiros amores? Como a pré-mãe-de-adolescente faz? A verdade é que não tem uma fórmula mágica ou uma receita de bolo infalível que vá funcionar em todos os filhos. Era tão mais fácil quando trocávamos informações sobre pomadas para assadura e fraldas que machucam menos a pele sensível do bebê. Hoje, preciso de pomadas que curem amigas que não querem mais brincar, amigas que trocaram de amigas, crushes que mudaram de escola, etc. Parece bobagem? Para nós que já passamos por isso, sim. Sabemos que essas coisas passam e só nos fortalecem. Mas e enquanto acontecem? Só porque vai passar, podemos invalidar a dor dos nossos filhos?
A vontade é de ir junto para a escola e resolver tudo por eles. Mas aí entra a parte do: “quando eu não estiver mais aqui, ela não vai saber se virar e resolver os problemas”. Como faz? Alguma mãe-de-adolescente ou mãe-de-adulto pode deixar seu depoimento de como faz/fez para passar por isso com os seus filhos?
Aqui jaz uma pré-mãe-de-adolescente desesperada
Revisão: Angelica Filha – @angelicaafilha