Por um tempo, tentei me enquadrar.
Jogar o jogo, dançar a dança.
Ainda tento, confesso.
No fundo, eu preciso é me encontrar.
Saber quem eu sou, o que eu quero.
Voltar pra quem eu era
e pensei que tivesse partido (?)
Talvez.
A vida me fez assim,
a maternidade me fez assim:
esquecer meus sonhos, devaneios, essência.
É preciso pagar as contas,
é preciso garantir o futuro.
É preciso crescer, evoluir, fazer parte.
Tentei e tento, mas estou farta!
(do lirismo comedido, como disse Bandeira)
Talvez eu não caiba mesmo nesse mundo ao qual quero a todo custo me encaixar.
Às vezes dá vontade de largar tudo.
Raspar o cabelo, pintar de colorido,
encher a cara, dançar até não aguentar mais.
Viver de arte, vida boêmia,
vagabunda, insana e intensa.
Foda-se tudo.
Ser feliz, fazer o que quiser.
Pagar as contas hoje
sem saber o que vou comer amanhã.
Um dia de cada vez e tá tudo bem.
Viver bem, fazer parte daquilo que pertenço.
Estar perto das pessoas que pensam como eu.
Virar a página e parar de tanto esperar.
De tanto querer.
Isso é o que dá vontade, mas sou mãe
e ainda não posso soltar o cinto.
Prossigamos.
_
Autora: Tânia d’Arc @taniadarc
Publicado no livro O que te escrevo é pedra bruta e delicada