Filha, eu não sei costurar
Também não botão pregar
Sinta uma raiva tremenda
Me perco na minha agenda
Eu grito por qualquer coisa
Sei agir feito doida
As minhas roupas nem sempre são legais
Eu bebo cerveja e falo alto conversas banais
Não sei matemática ou física
Queimo o arroz e esqueço a data da clínica
Meus beijos não curam tudo
Mas eu sei que por você vou ao fim do mundo
Sei que não vou costurar seu coração
Mas estarei do seu lado quando chorar
E também gritar com que tua vida ameaçar
Te amo com a fúria de uma tempestade tropical
Sou o sol, a lua, o espaço sideral
Sou a mãe que não pariu
Sou a mãe dessa pátria nunca gentil
Sou a mãe da Revista Crescer
Sou a mãe do filho que acabou de perder
Sou a mãe que adoece
Sou a mãe que quando vê envelhece
Sou a mãe que não engravida
Sou a mãe que fica feliz com menino ou menina
Sou a mãe sempre inexperiente
Sou aquela que se ressente
Sou verbo, sujeito e predicado
Sou mãe e não saio do lado
Sou mãe e tudo que eu sei é errar
E na mesma proporção é o meu amar.