Não somos e nem estamos completos, não estamos prontos e não somos seres engessados, embora a cada momento as pessoas nos empurrem e cobrem para que caibamos em uma espécie de forma com características previsíveis, esperadas, consoantes e por padrões ditados por quem claramente não tem o lugar de fala…
O que impede, por exemplo, que uma mulher continue vivenciando toda sua plenitude, se enxergando para além da função “mãe”, seja a mesma pessoa que nunca falta nas reuniões escolares, que se prepara para assistir a peça do filho, sentindo como se fosse o evento do século, mesmo que ele vá só pra chorar no palco?
O que impede que uma pessoa que gosta de música clássica, que tenha uma postura mais séria, seja a mesma pessoa que vai sorrir mostrando todos os dentes sentado em um boteco com práticas duvidosas, com músicas tocando a mesma nota do início ao fim? E sendo feliz assim também, muitas vezes até mais! Sair da caixinha é bom demais, gente!
O que impede que a pessoa “fria”, que não chora fácil, seja exatamente a mesma pessoa que se incomoda profundamente quando vê a falta de afeto no toque, nas palavras e no silêncio?
Nada impede, gente! Sabe por quê?
Nós somos um grande MOSAICO, cada pedacinho de nós tem uma história, um viver e um por que, que dentro dessa pessoa faz o todo o sentido!
Somos cosmopolitas nos gostos, sentimentos e quase que sempre nas práticas…
É muito injusto querer encaixotar pessoas como se fossem coisas, como se fossem máquinas, como se fosse programas com softwares prontos.
Existe uma beleza no imprevisível, existe uma surpresa nessas características que não se encaixam e que por isso mesmo nos chamam tanta atenção e admiração.
Lógico que nossas características, gostos, sentimentos e práticas se encontram em sua grande maioria, fazendo com que consigam definir a nossa personalidade, mas é fato que nossos vieses, nossos pontos fora da curva são exatamente o que de mais bonito temos.
A vida passa muito rápido para se deixar ser moldado em caixas pequenas que não nos cabem, que nos apertam, que nos pressionam, só para que fiquem esteticamente bonitas na estante.
O enfeite da vida é o diferente na loucura dos iguais.
Autora: Emanuelle Ladeia.
Este texto foi revisado por Alícia Oliveira.
