Meu filho e a depressão

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Por Amélia Serpa – @perret.nuaecrua

Final de 2022. Pessoas envolvidas na Copa do Mundo, na Black Friday e no Natal.
O meu pensamento está voltado para o meu filho. Ele tem passado por um processo doloroso de depressão há 1 ano e meio. É difícil. Muitas pessoas maduras e adultas não se dispõem a encarar.

Foram noites em claro, em que escutei seu choro, questionamentos e desespero. Eu, sem palavras que o consolasse e aliviasse aquela tristeza profunda, ficava vigilante para que ele não atentasse contra a própria vida, machucando-se e escrevendo cartas de despedida. Sua vontade era interromper o sofrimento lancinante.

Nessa caminhada, aprendi muito sobre ele e, mais ainda, sobre a mãe que eu era e sou agora. É devastador, eu me sentia só e nua, muito vulnerável.

Até consegui agradecer pela vida dele. Sofri com a performance de excelência, com a sociedade da produtividade e da felicidade. Eu me culpei por não ser a mãe perfeita, que não o protegeu da depressão.

Outras vezes sofria porque meu filho não “passaria de ano”, “não conseguia estar na escola”, “não sorria”, “não seguia o planejado”. Nossa, quanta desconstrução foi (e está sendo) necessária.
Parei de olhar apenas para os outros e para a minha lista de check. Passei a escutar e a entender aquele indivíduo, que tanto amo.

Sim, parece óbvio, mas é preciso repetir: ele é um indivíduo diferente de mim, com suas dúvidas, vontades, aprendizados, sonhos (não vejo a hora de ele voltar a sonhar!).

Ainda há muito a caminhar, porém, comemoro cada passinho, seja o de levantar-se da cama, escovar os dentes, lavar um prato, passear com nossa cadelinha.

No entanto, o mais importante é entender que a vida vale por ela mesma. Ele está vivo e isso não tem preço, nem nota escolar ou filtro do Instagram que supere esse fato maravilhoso!

Revisão: Angelica Filha – @angelicaafilha.


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