Antes mesmo de engravidar, eu já consumia muito conteúdo sobre maternidade e me parecia que o tema se dividia em duas vertentes: o romantismo e o terrorismo.
Em alguns “lugares” apenas lindas imagens, sorrisos e mãozinhas fofinhas de bebês, mulheres escovadas, maquiadas e plenas. Em outros, foco nas dores, erros, “mordidas de língua”, sofrimento e culpa. Eu pensava: mas não pode ser!
Não era mãe ainda, mas era filha e pelo que (sempre) conversava com a minha mãe, que como boa geminiana é muito prática, eu ouvia narrativas de tudo um pouco.
Hoje, percebo que o nosso erro pode estar, justamente, em querer dividir a maternidade nessas duas “caixinhas”, sendo que as coisas não são separadas. Elas acontecem ao mesmo tempo. O tempo todo.
No mesmo dia lindo, em que você está se sentindo tão grata pela chegada do seu bebê, ele vai ter uma crise de choro que parecerá interminável e você vai se perguntar: o que eu vou fazer da minha vida?
No dia mais exaustivo, em que você estiver se sentindo apavorada, esgotada e totalmente abalada, seu bebê vai olhar bem nos seus olhos e te fazer sentir a pessoa mais amada do Universo!
É assim. Tudo junto. Misturado.
O que salva é a perspectiva. Conseguir respirar e analisar as coisas com alguma distância. Salva, também, acolher os sentimentos. Entender que sim, faz parte do pacote se sentir insegura, com medo, irritada e que isso não significa que você é uma péssima mãe ou que não ama seus filhos.
Entender que “maternidade real” não é apenas sobre perrengue, sofrimento ou choro. As realidades das pessoas são diferentes. E isso não faz o maternar de ninguém mais ou menos real que o seu.
Dizer que busco um maternar mais leve, não significa que às vezes não pese. Postar fotos de momentos felizes e alegres, não significa que a vida é só isso. Mas também não significa que estes momentos não são reais e genuínos.
Buscar um maternar consciente, pra mim, tem a ver com isso. Aceitar, acolher e viver a maternidade entendendo que, assim como a vida, ela não é uma coisa ou outra. Ela nos traz o melhor e o pior de nós. E está tudo bem. É assim mesmo.
Apenas continuemos dando nosso melhor, nossos filhos nos escolhem exatamente como somos.
Por Aline Paz Veloso de Souza – @mamaesices