Quando era pequena, olhava para as mulheres à minha volta e sentia falta de sorrisos, alegria. Não entendia porque era mais fácil encontrar rostos masculinos felizes. Hoje, refletindo, compreendo que a falta de brilho era por conta da morte. Sim, da morte.
Nós, mulheres, morremos diariamente. Algumas vezes, de forma brutal. Outras, em contra gotas. Você me diz: Mari, não exagere. Mas repito, nós morremos mesmo que não seja aparente.
Dia após dia, nosso brilho vai se apagando, nossos rostos vão se endurecendo seja por ouvir piadas machistas, seja por medo daquele louco que seguiu sua filha na saída da escola, seja por aquele projeto que teve que adaptar novamente, pois a dinâmica das crianças mudou e por consequência a sua também.
Morre nossos sonhos, morre nossa garra, morre na força. Sim, quantas vezes nos sentimos fracas ao perceber o mundo cruel em que vivemos. No momento em que um Projeto de Lei como a PL 1904 é aprovado e a qualquer momento você poderá ser estrupada e não terá respaldo nem do Estado, nem da família, muito menos da Fé (ou das instituições religiosas), somos brutalmente assassinadas.
Quem está realmente preocupado contigo, mulher? Ninguém! Podes morrer novamente amanhã, de maneira cruel e lentamente.
E, por favor, não fale nada. Sua voz irrita, é repetitiva e, por mais que fale, não lhe daremos ouvidos, falarás ao vento.
Mas Mari, essa revista é sobre Maternidade. Pois bem, mas só quem foi mãe sabe quantas mulheres teve que matar dentro de si, para atender as responsabilidades maternas.
Autora: Mariana Ferreira – @marianafe.onofre
Revisão Angélica Filha