Tem muita mãe por aí com nó na garganta, viu? Muita mãe chorando escondida; mãe sobrecarregada pra caralho; mãe que vive isolada com a cria 24hs por dia.
Aquele senso de comunidade de antigamente acabou, e aquelas crianças que brincavam nas ruas e frequentavam a casa dos vizinhos e parentes, agora vivem trancafiadas num apartamento de 50m² com a mãe.
Tem muita mãe que largou os estudos, a Faculdade, os sonhos. Que não conseguem mais trabalho (porque, né, mãe da prejuízo pro empregador) e acreditem, não é só bolsonazi que pensa isso, tem gente de todos os lados da história que deixa de empregar mulher mãe.
Tem mulher que foi demitida no período de Licença Maternidade (no meu caso, o Raul tinha 15 dias). Tem a mãe ‘empreenderora’ que é aquela que se vira como dá, pra botar comida dentro de casa, porque se o Estado não garante nada para essa mulher, ela tem que correr atrás e fazer um trabalho precário, sem nenhuma garantia trabalhista, daí colocam esse nome bonito aí de ‘empreendedora’.
Tem mãe exausta de cozinhar, cuidar da casa, da ou das crias e não ter paz nem pra cagar sozinha; tem mãe que até romantiza essa exaustão e tem uma pá de gente que romantiza essa exaustão! “Mamãe, obrigada por todo o sacrifício que você fez pra me criar”… Obrigada uma ova!
Mamães não precisam se sacrificar e abrir mão da própria vida e perder sua subjetividade. Maternidade não é calvário, filho não é cruz, nenhuma mulher precisa carregar sozinha. Cadê trabalho digno? cadê creche pública de qualidade? cadê o pai?
Já chega de florzinha no dia das mães! Mãe é classe social, é luta por dignidade.
Aproveite esse dia das mães pra oferecer teus ouvidos pra essa mulher, escutar o que ela tem pra dizer, suas demandas, suas dores, seus cansaços, suas vontades e desejos. Para de achar que tudo relacionado aos filhos e a casa é responsabilidade só dela, e que ser mãe, é a única coisa que ela quer na vida.
Mães querem respeito, trabalho digno, estudo, festa, transa, vida e dignidade pra amar seus filhos e cuida-los não como fardo, mas com a leveza que a divisão de tarefas e o reconhecimento podem dar.
Tirem as mães da invisibilidade!
Por: Miriã Isquierdo