Há aproximadamente dois anos, a pandemia começou e consegui escapulir até poucos dias atrás. Isolada quando já existia um isolamento, é uma particularidade dessa doença, principalmente quando se vive para os filhos.
Esse repouso obrigatório me dá tempo de sobra pra pensar em mim e há quanto tempo estou só, depois que fui mãe.
Meu diálogo diário se limitava à minha filha de seis anos e ocasionalmente com alguém adulto, agora nem isso.
De vez em quando uma amiga me tira do marasmo perguntando se estou melhorando mas o meu cenário pandêmico não muda.
Observo como sou dependente do mundo infantil que mergulhei na maternidade, o mesmo mundo que me absorve mentalmente e que muitas vezes desejei me libertar pra me reencontrar.
Quatro dias de confinamento dentro da minha casa e um abismo silencioso, não me sinto tão necessária, tão absoluta quanto pensava ser na vida da minha filha. Ela sobrevive muito bem aos cuidados do pai. O sossego que toda mãe precisa, eu consegui porque estou doente.
Mães não deveriam adoecer porque, essa “paz”, traz reflexões que normalmente não queremos fazer. O barulho “cala a boca” de tudo aquilo que um coração de mãe prefere não ver.
Por: Thais Nunes – @thaisnunes3511.