Mulheres-mães protagonistas da própria história

Exaustão materna

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Essa foto representa os últimos dias, meses e ano. Seguimos segurando nas mãos uns dos outros, sem ninguém por perto, sem apoio externo.

A oportunidade de acompanhar de perto, de vivenciar com tanta proximidade os avanços, as descobertas, o tempo que jamais teríamos em circunstâncias normais, as memórias que estamos criando no “bom dia” de cada manhã, nos almoços juntos, nas conversas aleatórias no meio da tarde, no apoio indiscutível, é uma parte de tudo isso, mas ver a parte boa, não faz com que a outra parte desapareça.

Falar da outra parte é como se fosse “proibido”, é ingratidão, é visto como reclamação… mas a outra parte é real, dolorida e intensa. A outra parte é cansaço, esgotamento, é choro, é frustração. Tem famílias que continuam buscando suas redes de apoio, mesmo com todo o risco, porque precisam de ajuda para dar conta.

Tem famílias que não têm rede de apoio e precisam abrir mão de uma renda para conseguirem dar conta. Tem famílias que não podem abrir mão da renda, não têm rede de apoio e estão enlouquecendo tentando dar conta de tudo. Na última semana, vi uma profissional que precisou abrir mão da carreira para dar conta da família, já que não tem rede de apoio.

Ouvi uma mãe dizendo que chorou porque não conseguia ajudar o filho na aula e se sentiu péssima por isso. Uma família pediu ajuda, pois não está sabendo lidar tudo e está sem paciência com a criança. Então, não dá pra fingir que não existe a outra parte, que não estamos exaustos!

Assim como na foto… estamos caminhando nesse mar chamado isolamento social. Ora a água está mais fria, ora a onda é mais forte, ora nos divertimos pulando todos juntos, ora alguém engole água e precisa de ajuda, ora temos que voltar porque chegamos ao limite que é possível respirar, ora precisamos ajudar o outro a voltar, porque o mar está puxando, mas o mais importante de tudo é saber que chegará o momento que poderemos sair desse mar para contemplar lá da areia a sua imensidão e tudo o que nos ensinou.

Que esse momento chegue logo. Com sol, cadeira, bebida gelada, amigos e familiares para nos ajudar a olhar as crianças brincando próximas ao mar de verdade.


Autora: Meu nome é Cristina, sou mãe de duas meninas lindas, sou neuropsicopedagoa e coordenadora pedagógica da primeira infância. Instagram: @crishmagalhaes.

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