Definitivamente, a maternidade me virou do avesso. Ao me tornar mãe da Maria Cecília, há oito anos, não imaginava que eu entraria numa montanha-russa vitalícia.
Mesmo antes de engravidar, eu já vivia o universo da maternidade por causa do meu trabalho. Ser psicóloga dentro de uma maternidade pública descortinou em mim sentimentos que despertaram sensações nunca antes sentidas.
Sem romantizar, pude atender mulheres em contextos desafiadores — tanto materiais quanto emocionais. Mães que estavam em um momento de grande demanda de afeto. Afeto para conseguir dizer de suas histórias de vida tão sofridas. Afeto como cuidado.
E foi nesse contexto que eu engravidei. O afeto pela maternidade aumentou de tal maneira que definitivamente me atravessou. A ponto de eu decidir que, além de mãe, eu seguiria cuidando de mulheres que muitas vezes são esquecidas pela sociedade, pelas famílias e por elas mesmas.
Após o nascimento da minha filha, meu pós-parto doeu. O que ninguém me contou foi como o puerpério poderia ser desafiador emocionalmente. Eu me vi navegando em águas desconhecidas, lutando contra ondas de sentimentos que iam da euforia à exaustão, passando pela ansiedade e, por vezes, pela tristeza.
Cada lágrima derramada era expressão de um universo emocional que eu mal compreendia — mesmo sendo uma profissional da psicologia.
Se eu soubesse… Se eu tivesse me preparado… Mas a verdade é que a maternidade, em toda a sua complexidade, é um enigma a ser desvendado a cada dia.
E, no meu caso, a jornada do puerpério se revelou mais árdua do que eu jamais imaginaria.
A cada ano que passa, a vida da Maria Cecília me ensina mais sobre quem eu sou — como mãe, mas, acima de tudo, como ser humano. Ser mãe da Maria é um convite diário a me tornar uma pessoa melhor, não só por ela, mas também por mim mesma.
Aprendo a reconhecer minhas limitações e a valorizar minhas potências diante desse papel tão desafiador, mas também imensamente recompensador.
Ser mãe dessa menininha tão carinhosa, afetiva e atenta ao mundo ao seu redor é uma bênção que transborda em amor.
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Paula Alves / @paula.psiperinatal





