Dias Cinzas, Tons de Rosa 

Dias Cinzas, Tons de Rosa 

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Outro dia, li um post que dizia que flamingos perdem a cor rosa enquanto criam seus filhos, pois o processo é muito intenso. Li isso um dia após mais uma crise de choro, pensando em como eu queria avançar no tempo e pular para daqui a 10 anos, só para vê-los criados. Percebi como minha vida inteira é impactada pela maternidade e, apesar de odiar pensar no “e se”, por alguns segundos me imaginei sem eles. Automaticamente, a culpa me dominou.

Quando li aquele post, me vi completamente sem cor. Confesso que precisei de uma semana para conseguir escrever isso, porque, remeter meus filhos à minha “falta de cor”, me soa errado. Mas, genuinamente, há dias em que me sinto completamente cinza.

É estranho imaginar que, um dia, eu sentirei saudade dos meus dias cinzas. Que sentirei falta desta casa com coisas fora do lugar. Que experimentarei um vazio ao perceber que não tenho mais a obrigação de levar alguém à escola ou de desembaraçar um cabelo que não é o meu.

Mas, honestamente, eu acredito que, quando minha cor voltar, ela terá um novo tom de rosa. Eu serei o rosa mais bonito que alguém pode ser. Porque esse processo exaustivo de perder a cor tem me pintado de dentro para fora com as cores mais intensas que se pode imaginar.

Não existe “e se”. Existe o agora — o tempo em que moldo, ou ajudo a moldar, os próprios pintores da tela que me chamam de mãe.

Autora: Nara de Oliveira / @naraolif

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