Por Amelia Serpa | @perret.nuaecrua
Em um dia fui pegar resultado do exame de sangue e confirmei que estava grávida: primeiro filho!
Eu era puro medo, até mesmo pânico: estava começando um novo trabalho e morando na casa de minha mãe com o pai do bebê. Ou seja, a minha vida estava repleta de mudanças.
Foram 9 meses em que fui entendendo meu corpo. A gestação foi tranquila e sem percalços.
Quando o calendário marcou 26/05/2007, estávamos no hospital e o pequeno veio chorando muito. Ao levarem-no para mim, ele me encarou com os olhos pretos e gigantescos. Na mesma hora me reconheceu e parou com o choro.
Nos dias seguintes, a dura realidade da maternidade se desnudou. Foram noites mal dormidas, fraldas sujas, dores nas mamas, batalha para que o pequenino mamasse e mastite. Poderia ficar discorrendo sobre o intensivão que tive, mas não seria suficiente. Senti uma tristeza e incapacidade de ser mãe. Cadê o instinto? Cadê o amor? Hoje sei que era baby blues. Achei que estava toda errada.
Ouvi de outra mulher que, como não amamentei e não foi parto normal, não sabia o que era ser mãe. Ali entendi também que não bastava eu me apontar o dedo, outros estariam em riste virados para mim. É, ser mãe em nossa sociedade é solitário. E olha que o pai participou de cada momento.
Os anos passaram e alegrias, inseguranças, dores e descobertas desfilaram pelas nossas vidas.
O que aprendi até agora é que maternar é um processo de aprender vivendo, por isso é singular e cada uma vai achar a sua forma.
Mas o que mais tenho aprendido é que o filho é um indivíduo diferente de mim, apesar das semelhanças, então não devo colocar as minhas frustrações e expectativas nos ombros e na vida dele. Também estou aprendendo a respeitar e a amar quem ele é. Parece simples, mas não é: o amor é construído a cada dia com o coração e a cabeça abertos.
Revisão: Luiza Gandini – @lougandini