A cada mês, uma nova cor.
A cada mês, uma nova dor. Qual a cor da dor de uma mãe que perde um filho? Qual a cor da dor de uma mãe cujo filho tira a própria vida?
Setembro amarelo? Cinza, talvez… Temos que cuidar da saúde mental dos nossos filhos e pedir a Deus que cuide da nossa.
Setembro. Primavera. O mundo em flores, cores, sabores e dores. As flores que a mãe de P. carrega na lembrança não são lírios ou ipês; as flores e cores têm cheiro de despedida. A dor da partida de uma vida interrompida. A culpa é de todos ou de ninguém? Ele se abriu com alguém ou nossos olhos fingiram não ver? Ele pediu socorro e nós não entendemos seus sinais? Ele se foi de repente ou foi sumindo um pouco a cada dia?
Ele foi acolhido ou taxado como agressivo ou introvertido? Cotas! Benditas cotas. Cotas que nos escancaram oportunidades e nos afundam na exclusão do ser e pertencer.
A mãe recebe o apoio, mas não tem mais o filho.
Cuidem dos nossos filhos!
Setembro é verde, mas até aqui, o racismo se faz presente. Será que aceitaríamos um órgão que não viesse de alguém da nossa cor?
Será exagero? Dizem que ninguém pensa assim…
Cuidem dos nossos filhos!
Setembro vermelho. Hábitos saudáveis e visitas periódicas ao médico. Cuidemos do coração!
Será que a mãe periférica aguenta? As UBS e UPAs conseguem garantir esse privilégio — quer dizer, esse direito de todo cidadão?
Frutas e legumes nas refeições cabem no orçamento dessa mãe?
Cuidem dos nossos filhos!
Setembro azul. Viva as Paralimpíadas! Quanta gente orgulhosa dos nossos filhos!
A comoção é tão grande quanto aquela que vemos nas calçadas acessíveis por aí?
Cuidem dos nossos filhos! Das mães, ah, delas cuidemos nós!
Setembro carrega amarelo, verde, vermelho, azul e até cinza, mas a mãe, essa é preta!