Coluna – Maternidade lilás

Big Little Lies

Os efeitos nocivos da violência contra mulher atravessam gerações. Como se sabe, as crianças aprendem muito mais pelo exemplo do que com sermões ou punições. Assim, ao ver o comportamento de pais agressivos e mães submissas, há uma grande chance de repetirem esse comportamento. Essa constatação é um dos motores da narrativa da série Big Little Lies (2017).

Passando-se em Monterey, na Califórnia, retrata a vida pacata e ordenada de um grupo de famílias cujos filhos frequentam a mesma escola e se concentra nos relacionamentos internos dessas famílias e de umas com as outras. Um assassinato abala a comunidade e acompanhamos as investigações para desvendar o crime.

O falecido é um dos respeitáveis cidadãos e acompanhamos o desenrolar dos dias de sua família: viúva e dois filhos. Com o passar do enredo, o espectador tem a oportunidade de conhecer melhor o personagem que é a vítima do primeiro episódio. Assim, aos poucos, vamos vendo como sua relação com a mulher e filhos não era bem o que parecia ser.

Paralelamente a isso, temos o desenrolar de um mistério ocorrido na escola. A filha de Renata, Amabella, sofre buliyng e, ao ser confrontada pela mãe exigindo identificar o agressor, acusa o menino recém-chegado, filho de Jane. Na verdade, o responsável pelas agressões físicas e emocionais é Max, filho de Celeste e de Perry, o personagem assassinado.

Com o mínimo de spoiler possível (não contarei o mistério principal): a série retrata como o garoto repete exatamente o comportamento que vê o pai ter com a mãe em casa. Max tenta expressar sua dor e confusão com a violência doméstica que presencia repetindo o comportamento do pai na escola. Inclusive com a ameaça à vítima da agressão caso essa o denuncie. Vale a pena assistir à série e acompanhar como cinco mulheres aprendem a se relacionar umas com as outras, consigo mesmas e com a família, a partir de uma relação sensível e leal e de muita sororidade.

📌SERVIÇO: direção de Jean-Marc Vallée e Andrea Arnold, criação de David E. Kelley, produção original da HBO e disponível em streaming no PRIME e na APLE TV.

Autor

  • Regina Miranda

    Regina Miranda é autora de três livros publicados com a editora Caravana, sendo um deles o infantil "O sabor das coisas", cuja história foi co-criada com a filha, de cinco anos na época. Também participa de coletâneas como com o Selo OfFlip, e publicações em revistas digitais, como a Revista Intransitiva. Apaixonada pelo universo da literatura, é formada em Letras pela UFPR com especialização em Educação a Distância pelo Senac. Já foi professora no ensino fundamental e, hoje, leciona aulas particulares de produção de texto, além de participar da organização do Clube de Leitura Feminista em Curitiba, onde mora atualmente. Divulga seus trabalhos literários e reflexões diversas pelo perfil de Instagram @reginaliber2020

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