Coluna – Ler livros, ler a vida

O tempo de lazer é tão curto em relação ao de trabalho – remunerado, não remunerado, maternal – que sempre fico pensando “será que devo realizar mais esse trabalho e abrir mão de um potencial tempo de descanso?”.

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Dia desses resolvi fazer algo que há meses queria muito começar: reorganizar a estante de livros.

O tempo de lazer é tão curto em relação ao de trabalho – remunerado, não remunerado, maternal – que sempre fico pensando “será que devo realizar mais esse trabalho e abrir mão de um potencial tempo de descanso?”. A questão que me incomodava era a seguinte: a bagunça nas prateleiras também me cansavam.

Foi então que em um domingo resolvi começar. Separei os livros já lidos e tive saudade de algumas leituras. Senti um incômodo pelos livros cuja leitura foi começada e não concluída. Organizei aqueles que adquiri em promoções e feiras, mas não comecei a ler. Fiz uma prateleira só com aqueles que pretendo ler em 2025. Gostei de planejar as leituras, mas de que mais gostei foi da presença daquela criança curiosa olhando cada capa que estava nas pilhas que fiz usando a mesa da cozinha. Ela lendo os títulos, perguntando sobre as histórias, falando de seus livros quando fiz sua pilha que morava provisoriamente na mesa. Então pedi sua colaboração e ela se envolveu. Fez anotações em papéis que classificavam pilhas como “muito bons”, “para Gi ler”. Fez sua seleção: livros que eram meus, livros seus que gostaria de reler, livros que o pai poderia ler… E depois da empolgação disse “tô cansada”. Ri em silêncio.

Desfrutei o momento de vê-la nesse pequeno mundo que estava sobre a mesa. Livros são caminhos, são distrações, são necessários e vi que alguém está se apaixonando pelo universo da leitura. Li aquele momento como algo tão bonito que está acontecendo: a curiosidade infantil que sempre busca respostas e que muitas vezes deixamos acontecer sem desfrutá-lo.

Que a vida possa ser lida em sua beleza e trabalho de construir laços, espaços acolhedores, caminhos diferentes, para além dos livros que lemos.

Que os livros e as leituras sejam possibilidades de sermos humanamente sensíveis com nossas crianças e também conosco, na vida real.

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