Mulheres-mães protagonistas da própria história

COLUNA | Ensino a distância na quarentena: “Sou cega e, junto com meu filho, trabalhamos na sua pré-alfabetização”

COLUNA | Ensino a distância na quarentena: “Sou cega e, junto com meu filho, trabalhamos na sua pré-alfabetização”

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Meu filho, assim como as outras crianças, está sem aula, mas não é por isso que deixamos de trabalhar juntos a sua pré-alfabetização.

Eu gosto muito da teoria de Jean Piaget com relação ao tema, (que me remete às aulas de psicologia escolar na faculdade), mas eu criei a “minha” maneira de ensiná-lo. Não fique confuso(a), eu não sou pedagoga, sou uma mãe cega.

Então, brincar com lápis e caneta poderia ser arriscado porque eu jamais saberia o que ele escreveu, claro que eu tenho alguns olhos parceiros que me ajudam, mas venhamos e convenhamos, não dá pra pessoa me responder de imediato em 100% do tempo em que eu trabalho com ele, por isso, uso o computador e trabalhamos juntos da seguinte forma: 

1) No teclado do meu computador existe a opção “letra em tinta”, que faz com que meu filho não precise ouvir o que o leitor de tela diz, mas quando a letra é pressionada aparece no monitor do computador, e ele pode visualizá-la.

 2) Quem digita sou eu. Se fosse pra escrever com a caneta eu podia errar, escrever uma letra em cima da outra e assim o deixaria confuso.

3) Anexado a isto, nós temos aqui o alfabeto  de madeira que ele ganhou e as letras são enormes, então eu digito tipo “B A L A” e peço pra ele pegar as letras correspondentes e colocamos as mesmas em sequência da esquerda pra direita e formamos a palavra (bala), que ele lê de forma soletrada.

Com isso, trabalhamos juntos o aprendizado dele com relação a cada letra, seja vogal ou consoante e, em relação aos números, seguimos o mesmo ritmo. Dessa forma estou conseguido ajudá-lo e pude vivenciar nossa experiência na prática. Quando a TV parou de falar eu perguntei pra ele o que estava aparecendo na tela e ele me respondeu, colocando meu indicador em cada letra: “D E S C T O P” é isso que está aparecendo. (claro, formei a palavra “Desktop”, que é a nossa operadora atual) e, depois de digitar alguns números, a TV voltou a falar. 

Me senti feliz e apesar de não ser o método ideal está surtindo efeito porque ele está conseguindo reconhecer as letras em diversas situações. Às vezes ele olha pra tela do meu celular e fala quais são as letras que aparecem. No celular dele quando aparecem muitas letras escritas e ele precisa de ajuda, faz o mesmo, soletra e eu formo as palavras, depois as frases para que assim possa orientá-lo.

A professora dele do ano passado foi maravilhosa em ter trabalhado isso com eles, se hoje nós temos avançado, devemos isso a ajuda da Tia Andréia.

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