Empreender é uma aposta sem garantias. Muitas vezes, contra tudo e contra todos, a mulher empreendedora se agarra à sua ideia e se lança no mundo. É preciso uma boa dose de coragem, e a necessidade costuma ser o principal combustível para dar esse salto. Penso que a frase “vai com medo mesmo!” é quase um mantra para as empreendedoras.
Como bem nos ensina Brené Brown: “Vulnerabilidade não é ganhar ou perder, é ter coragem de agir quando não se pode controlar o resultado”. Empreendedoras assumem riscos o tempo todo, seja por convicção, falta de opção ou pelo desejo de experimentar. Quem tem o DNA de empreendedor ou uma atitude empreendedora não espera as coisas acontecerem, cria as próprias oportunidades.
Medo e vulnerabilidade estarão sempre presentes na trajetória de quem empreende (ou de qualquer um que ouse criar), e saber gerenciar tais sentimentos é uma habilidade fundamental. A forma como reagimos ao medo (sem travar) depende da nossa experiência e aprendizado.
Respondemos às situações difíceis de acordo com nosso grau de maturidade e autoconhecimento. Desenvolver a inteligência emocional é justamente aprender a reconhecer e acolher nossas emoções e sentimentos, identificar gatilhos e modificar respostas e comportamentos.
Quanto mais nos conhecermos, mais fácil será lidar com momentos de conflito e dificuldade. É libertador quando aprendemos a identificar quando uma característica é de fato nossa, e não meramente um rótulo imposto por alguém.
Somos uma geração educada na base do “engole o choro” e “na volta a gente compra”, e, como resultado, deixamos de aprender a lidar com nossas emoções e a gerenciar os conflitos. O modelo padrão buscava esconder as emoções e fugir das conversas difíceis. Foi somente com os avanços da psicologia que percebemos a existência de outros caminhos possíveis, incluindo os estudos da pesquisadora Brené Brown. Ainda causa estranheza a afirmação de que a vulnerabilidade faz parte da essência humana e não é sinônimo de fraqueza; pelo contrário.
Hoje sabemos que a melhor maneira de lidar com sentimentos desagradáveis é ter plena consciência deles. Ao esconder os sentimentos, erguemos barreiras, enquanto, ao demonstrá-los, geramos conexão e empatia. O que justifica que os laços mais especiais e duradouros surjam justamente em momentos de crise. A criatividade e a inovação também caminham de mãos dadas com a vulnerabilidade, pois lidam diretamente com as possibilidades de incerteza e fracasso.
O autoconhecimento permite reformular a rota — mudar de ideia, traçar novos rumos e, inclusive, abrir (ou fechar) o próprio negócio. É possível aprender a lidar com medos e inseguranças e, ainda assim, manter-se criativo e disposto a tomar decisões e fazer escolhas que impactam a própria vida e a vida de outras pessoas.
Um ambiente seguro e acolhedor também faz maravilhas pela nossa autoconfiança. Nem sempre vamos receber somente feedbacks positivos, porém precisamos filtrar as críticas e comentários, validando apenas opiniões de pessoas importantes para nós.
Convivendo no meio empreendedor, com frequência ouço relatos de pessoas que quebraram e perderam tudo mais de uma vez. São histórias emocionantes de superação, resiliência e muita vontade de fazer dar certo. Admiro demais quem não se abate com as dificuldades e segue em busca dos sonhos. Além de corajosos e sonhadores, também são otimistas e realizadores. O tipo de gente que é bom ter por perto.