“As pessoas com deficiência não têm superpoderes e não pretendem ser exemplo de superação”

“As pessoas com deficiência não têm superpoderes e não pretendem ser exemplo de superação”

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Segundo a Organização Mundial de Saúde, um bilhão de pessoas vive com alguma deficiência, sendo 150 milhões crianças. No Brasil, 45 milhões de pessoas possuem alguma deficiência, representando cerca de um quarto da população.

Preconceito, o grande mal da humanidade, apresenta-se também contra as pessoas com deficiências e tem nome: capacitismo. Todas as pessoas são capacitistas em potencial. Eu era uma dessas, até receber o diagnóstico da *Síndrome de West do meu filho, Guilherme Negreiros. Hoje, meu “Gui” tem 5 anos de vida e 4 anos de diagnóstico.

Quanto mais alheio for o ser humano ao assunto, maior será a discriminação e a falta de acolhimento. A sociedade, na maioria das vezes, exclui o que é diferente com atitudes discriminatórias, muitas vezes com opressão ativa e deliberada (insultos, considerações negativas, arquitetura inacessível) e opressão passiva (omissão, desinteresse, manobras e conveniências políticas ao assunto).

Existe um grande abismo entre deficiência e incapacidade, sendo necessário que a sociedade compreenda essa diferença. Gui é uma pessoa com deficiência, mas isso não o define por completo.

A deficiência está presente em vários lugares, tais como transportes públicos, design das roupas, políticas públicas, comunicação, atitudes da sociedade e pela forma de tratamento, por exemplo, tratando-os como “coitadinhos”, “heróis” ou “pessoas especiais”. As pessoas com deficiência não têm superpoderes e não pretendem ser exemplos de superação. Elas querem ser tratadas com equidade, e, quando for oferecer ajuda a uma pessoa com deficiência, pergunte a ela, não ao acompanhante.

A filosofia africana UBUNTU, que na língua bantu significa “eu sou porque nós somos”, trata-se do jeito de viver e conceber as relações humanas, que pensam numa comunidade em seu sentido mais pleno, como uma grande família. É isso que desejo para a sociedade, para o Gui e para todos em qualquer lugar desse mundo.

*Esta síndrome é um tipo raro de epilepsia, chamada de “epilepsia mioclônica”. (Fonte: Fiocruz).

Autora: Elayne Cavalcanti, 29 anos, mãe atípica de um garoto chamado Guilherme, que está com 5 anos e 11 meses. Instagram: @elaynecavalcanti18.

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