Será que vou dar conta desse amor? Amor de mãe. Nunca havia pensado sobre isso antes. E quando digo antes, é bem antes dos risquinhos do teste de gravidez. É que amor assim não cabe na imaginação. Por melhor que seja, ela falha. Impossível prever. Não é óbvio. Nem simples. Inclusive, suspeito, tem algo de bomba relógio.
Amor desses, como dizem, chega rasga a gente por dentro. Ata e desata um bocado de lembranças. É amor feito para transformar. Talvez, por isso, lá se vão umas quantas quarentenas até que se possa encontrar a “mulher-mãe” e a “mãe-mulher”.
São tantos os avessos de sentimentos. Às vezes, de manhã cedinho é que se dá conta: amor de mãe cabe em um abraço e, ainda, sobra. Para mais de mil beijos. E cheiros, e cores, e sabores.
Sua presença sorrateira, no entanto, vem mesmo na madrugada, enquanto a cria dorme e, por alguns instantes, a vida toda faz sentido. Os problemas e as faltas se vão e, entre suspiros e respirações profundas, tudo se basta. A casa, os sonhos, a imagem de si no centro do espelho.
Por Xenya Bucchioni – @queridagestante