Mulheres-mães protagonistas da própria história

A mulher amordaçada

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Eu queria meu corpo todo para mim. A sensação da pequena cria grudada, antes tão maravilhosa, começou a dar agonia, a me deixar angustiada e trazer à tona sentimentos nada agradáveis. 

A mulher enclausurada dentro de mim queria sair. A mulher que foi amordaçada pela ocitocina e prolactina, estava pronta para dar as caras novamente. Ela ficou por três anos guardada, descansando e se fortalecendo na escuridão que a maternidade a colocou. 

A opinião dos outros nunca afetou muito minhas decisões sobre meu maternar. A pressão vinda de quem não fazia parte do processo, entrava por um ouvido e saia por outro. Podiam gritar, olhar torto e comentar o que quisessem, me mantive firme em meu propósito. Mas quando a mulher amordaçada gritou, soltando suas amarras e vindo em busca da luz, tudo mudou. 

Essa mulher respeitou a mulher recém parida e saiu de cena para que a mãe pudesse se descobrir. Deixou-a se fortalecer e ocupar os espaços. Confiou nas outras, menos incisivas para determinar limites, e estas aos poucos foram cortando as asinhas da mulher-mãe que ocupava-me por inteiro. A mulher amordaçada, precisava desse ajuste antes de gritar e reivindicar o seu lugar novamente.

As outras mulheres, as que já haviam convivido com a amordaçada antes da existência do pequeno ser que fez nascer a mulher mãe, sabiam do que ela precisava e preparam o terreno para que ela pudesse renascer, foram me dando informações e conteúdos sobre como finalizar essa parte do maternar, deixando somente a última parte, a cereja do bolo para a amordaçada, e quando ela emergiu para a superfície, conseguiu falar: Estou pronta para iniciar o processo de desmame.


Texto: Gisele Resmini Hansen – Instagram: @giselehansen, @escritasdagihansen.

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