Mulheres-mães protagonistas da própria história

Vendemos o berço

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Há um ano, compramos um berço. À espera da nossa filha, montamos o móvel: um modelo mini, ajustável e com rodinhas, para poder usar ao lado da cama e levar pela casa durante o dia; um instrumento para manter nossa bebê sempre pertinho de nós, em suas horas de sono.

Cheios de expectativas, não imaginávamos que a necessidade de proximidade da nossa bebezinha recém-nascida seria muito maior. E assim, o berço foi pouco usado. 

Durante o dia, as sonecas eram mais tranquilas no colo e, aos poucos, nos adaptamos ao carregar com ajuda do canguru. 

À noite, muitas vezes eu adormecia antes dela, amamentando, e ela acabava ficando ali mesmo, grudadinha em mim; ou ela despertava imediatamente após ter sido movida para o berço e eu desistia. 

Com o tempo, abracei também a cama compartilhada.

Quando nossa filha cresceu um pouquinho e começou a se mover por tudo, primeiro rolando e, depois engatinhando e escalando, o berço se tornou perigoso.  

Então nos mudamos para uma cama baixa, onde possíveis quedas oferecem menos riscos. 

Logo depois disso, o berço serviu brevemente como espaço de brincadeira e aprendizagem, sempre com supervisão. Mas isso também se tornou obsoleto em algumas semanas.

Por fim, quando começou a se transformar em depósito de roupas que não serviam mais, soubemos que era a hora dele ir embora.

Então, vendemos o berço.

Porém, agora que ele foi embora, ficou um espaço vazio: um lugar aberto ao lado da cama, nos mostrando que nossa filha não é mais uma bebezinha. 

Ao nos despedirmos do berço, dissemos também adeus ao silêncio e à delicadeza dos cuidados com uma recém-nascida. 

Ver o berço partir, foi ao mesmo tempo, estranhamente trivial e inesperadamente perturbador. A ida do berço simboliza o fim de uma fase. É mais um dos muitos renascimentos que vivemos com nossa filha à medida que cresce.

Agora, passado o impacto, é hora de abraçar esta nova etapa. Nossa bebê já não é mais tão bebê. 

Por isso, vendemos o berço. Por isso, abrimos espaço na nossa casa e nos nossos corações. O tempo é indomável, nossa filha está crescendo, e queremos fazer o possível para estar presente em cada passo de nossa vida.

Autora: Gabriele – @gabrieletscha.writer.
Texto revisado por Daiane Martins.

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