COLUNA | A mãe imigrante

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Muito se fala sobre morar em terras estrangeiras e em como é uma experiência extraordinária sempre maravilhosa e melhor que nossa pátria amada. No entanto, como tudo na vida, há sem dúvida o ônus e o bônus da escolha em morar longe de casa.

É, sem dúvida, uma experiência de vida e tanto! Aprender outro idioma, viver outra cultura, poder conhecer outros países e vivenciar uma qualidade de vida enorme, no meio de ruas arborizadas e oportunidades de emprego justas para qualquer um que se disponha a trabalhar.

No entanto, há tantas coisas que perdi por ser imigrante. A morte de vovó, o casamento de amigos queridos, até nascimentos de sobrinhos…me traz lágrimas aos olhos pensar que meus pais nunca me viram grávida. Que ninguém estava no nascimento do meu bebê. Ninguém. Nascida na pandemia chegou aos meus braços com testemunho somente do pai que quase não pôde entrar no centro cirúrgico. Passamos a primeira páscoa, o primeiro natal, o primeiro dia das mães, só nós três.

Antes do bebê nascer, só teve chá de fraldas virtual, sem abraços e sem as brincadeiras de sempre. Quando chegamos em casa do hospital nevava. Ninguém nos aguardava em casa. Minha avó sempre me contou do dia em que nasci. O hospital lotado. A primeira neta de um lado da família e a última do outro. Essa história me transborda. Não posso ouvi-la sem um sorrisinho nos lábios.

Penso que ela vai crescer sem conhecer o que é uma festa junina, uma chuva no fim da tarde em São Paulo, o cantar do sabiá, o barulho do ônibus subindo as ladeiras da Lapa. Que vai crescer longe de nossa gente.

Mas sei que ela encontrará a própria gente. E espero que cresça sabendo que as decisões que tomamos sempre tiveram em vista o seu bem estar.
Porque ser mãe e imigrante é isso. Sentir a dor do que falta no peito, para que o filho nunca sinta falta de nada.

A mãe imigrante é uma nação inteira para o próprio filho.


Texto revisado por Daiane Martins.

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