Com humor e muitas pitadas de crítica social, a autora Elisa Fleming, em seu livro “Coisas que não me contaram antes de ser mãe: o que ninguém mostra no cotidiano da maternidade”, conta detalhes das suas experiências com a maternidade.
Com capítulos curtos, ideais para quem tem crianças, Elisa consegue conversar com todo tipo de público, a partir de uma linguagem acessível, de fácil compreensão, sem floreios ou muita subjetividade. Uma leitura fluida, rápida, que prende nossa atenção por retratar uma realidade semelhante à de muitas outras mães.
Sem romantismo, um maternar nu e cru, que consegue despertar uma empatia imediata por se mostrar como uma mãe múltipla, apresentando-se de maneiras diferentes de acordo com as fases da vida de seu filho Miguel. Escancarar o amor não romântico não significa demonizar a maternidade, trazendo-nos em diversos momentos para um lugar de contemplação e admiração das belezas que constituem esse maternar.
O livro traz, de maneira leve e através de relatos, reflexões acerca de temáticas relevantes e importantes de serem discutidas, como a maternidade compulsória, patriarcado, machismo, invisibilidade materna, os diversos lutos que devem ser elaborados dia após dia, comunicação não violenta, autoestima, solidão, entre outros tão importantes quanto. Temáticas estas que constroem a boa mãe imaginária, a maternidade ideal.
Uma das frases mais marcantes do livro é: “eu já não cabia no espaço que eu ocupava antes. Porque eu já não era eu.” (página 53). Essa frase desperta para uma questão importante de ser debatida, os múltiplos papeis que precisamos continuar a ocupar, enquanto estamos conhecendo um novo lugar no mundo e desempenhando uma nova função. O nosso remanejamento no tempo, no lugar e no espaço, dando lugar a uma nova estrutura familiar e social.