Toda vez que eu pensava em oferecer qualquer comida para os filhos das minhas primas, eu perguntava antes se eles podiam comer. Toda vez que eu viajava pra cidade do meu marido, umas duas vezes por ano, eu ficava o máximo possível com os filhos da minha cunhada, meus sobrinhos.
Às vezes ficava com um ou com o outro, e às vezes, com os dois. O que fosse possível fazer pra ajudar eu fazia. Eu não tinha como ajudar financeiramente, então ajudava fisicamente, brincando com as crianças, dando banho, alimentando (com o que era autorizado pela mãe), pondo pra dormir, dentre outras coisas pra ajudar minha cunhada.
Eu via que ela estava fazendo o que era possível dentro da sua realidade e com as possibilidades que tinha, então eu evitava opinar, ou muito menos ficar ditando o que ela devia fazer com as crianças. Eu apenas ajudava a aliviar sua sobrecarga da maneira que podia.
Ela sempre agradecia muito, o que eu achava até estranho porque na minha cabeça eu não estava fazendo nada demais. Pra mim, o que eu estava fazendo era pra ser o normal. Na época que fazia isso eu não era mãe. Então digo com propriedade que não precisa ser mãe pra ser rede de apoio. Basta ter o mínimo de empatia e sororidade. Aquela empatia e sororidade que as pessoas tanto postam nas redes sociais e pouco vivem na prática do dia a dia.
Autora: Fernanda Oliveira Santos, mãe de um menino de 11 meses com características de bebê de alta demanda. Não tenho rede de apoio e estou desempregada. Instagram: @escritorafernandaos.